Ipês, os ipês

A época dos ipês-amarelos chegou, eles colorem a cidade em seus tons vibrantes e alegres. Por todo lado eles parecem iluminar o caminho de brasilienses cansados e enfadados. Todos os amam, admiram, fotografam. Todos, exceto eu. Tudo bem, talvez tenha mais alguém que não os admire tanto assim.

Calma lá, eu não os odeio e nem os arrancaria de seus lugares. É que o meu negócio mesmo sãos os ipês cor-de-rosa, que cada florzinha parece outra árvore inteira em miniatura. Eles não possuem cores tão vibrantes como os amarelos, mas eles passam por quase todas as cores, as vezes são bem rosados, outrora são quase lilás. Sua época já passou, mas cada vez que me deparo com um ipê rosado eu faço um verdadeiro escarcel como diz a senhora minha mãe. Muitas fotos são tiradas, florzinhas assopradas e eu fico em cada uma das vezes que os vejo maravilhada.

Certa vez enquanto saía da sessão de segunda-feira da psicanálise me deparei com a maior e mais bonita árvore de ipê-rosa. Admirada eu permaneci olhando-a por vários minutos aproveitando também de sua sombra. Até que decidi que desta vez eu tinha que levar um pedacinho daquela coisa maravilhosa para alguém que eu amava e que vocês já bem conhecem, Eduardo. Tentei de todos os jeitos alcançar as pequenas flores, mas desafortunadamente não consegui de nenhuma maneira.

Quando alguém me pergunta algum arrependimento que tenho na vida automaticamente viajo para aquele dia e o fato de não ter carregado comigo uma escada para tê-los alcançado.

Eu deveria ter entregado aquelas flores a Eduardo, porque acredito eu que elas tem algo de mágico e ele precisa de um tantinho de magia na vida dele. O que me acalenta é que no próximo ano eles voltarão, eu já estou aqui como um sentinela de plantão. Seja eu ou outro alguém a entregá-las, mas vou dar um jeito, ele vai encontrá-las.