Sem Título LXV

Como querem que eu descreva o que sinto por você? Como se mede o amor? Não é medido por palavras. Com uma régua, talvez? Também não. Dizem que é medido pelas nossas atitudes. Não, não as grandes. As pequenas, singelas. O jeito que a pessoa te olha, como ela sorri e olha pra baixo timidamente enquanto o outro acaria os cabelos da nuca. O jeito que se abraçam toda vez como se fosse a última vez que estão sentindo aquele abraço. O modo como os dedos entrelaçados se encaixam como se fossem feitos um pro outro. Talvez possam medir um bom tamanho de meu amor, mas não, não é suficiente. Me parece pouco demais diante de tudo que você faz dentro de mim. Não, não é dentro do meu peito. É dentro de todo o meu ser, desde meu pâncreas até o dedinho do meu pé. Na verdade, em certos momentos eu nem consigo localizar os sentimentos. Deixam de ser apenas coração apertado pela saudade, borboletas no estômago, tremedeiras nas pernas. Me consome por cada centimetro de meu corpo e se transpõe para a minha alma. Pro meu espírito. Pro meu ser. Me completa. Me satisfaz. Me transborda. Me faz uma devastadora enchente. Talvez não tenha muita certeza sobre qual o nome de tudo isso, já que nunca me senti assim. Mas se for amor, ah, agora eu vejo como esse sentimento é usado em vão, e como já foi usado em vão por mim. Porque se isso é mesmo amor, então amor é a totalidade desse universo, algo tão imenso comprimido em um espaço de praticamente 1,90 de altura

Sarabi
Enviado por Sarabi em 05/09/2016
Reeditado em 28/02/2018
Código do texto: T5751704
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