A Ilha

Somos o lixo dos rios,

E o estrago nas ribanceiras,

Somos as plantas rasteiras,

O segredo dos desvios,

Com o mau, sempre no cio…

Somos o que não tem cura,

E uma grande rachadura,

Que provoca os terremotos...

Nos fingimos de devotos,

Dos santos, usamos o nome,

Mas se eles sentissem fome,

Morreriam, com certeza,

E essa é a minha tristeza,

Podíamos ser o contrário,

E em vez de um rosário

De contas, que só ilude,

Devíamos ser como um açude,

O ano inteiro, coletivos,

E não, esse ser cativo,

Onde só a casca brilha,

Pois não passamos de uma ilha,

Perdida, num imenso vazio.

Alque

Alque
Enviado por Alque em 31/07/2016
Código do texto: T5714536
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