Ódio Controvertido
[...] Odeio cada trejeito seu que insiste em impregnar os meus devaneios. Odeio quando da azáfama do dia a dia ser o ecoar do som da sua voz o que eu busco ouvir. Odeio ainda mais buscar e não o encontrar. Odeio os sonhos calorosos que não passam de sonhos. Odeio admitir que estar na condição de sonho sempre foi a sentença. Odeio a expectativa pueril do esbarrão numa dessas vielas da vida - somente pra que se faça florescer o arrepio. Odeio a sua presença ser adubo aos meus poros. Odeio a sua ausência ser a gaiola do meu sossego. Odeio a substância que compõe o seu cheiro - poderosa e enigmaticamente não me permite libertar. Odeio a falácia que me tornei. Odeio o fantasma que você se tornou - imune a cruz e água benta.