O tempo em nós

O tempo,

navalha louca

a nos cortar a carne,

como um fio preso

em conta-gotas...

O tempo,

mortalha pouca

que não veste, cabe,

como um corpo leso

de calos em botas.

O tempo

que não se toca,

passa sem alarde

e em si, coeso

de noções rotas.

O tempo nos é fugaz,

ou simplesmente

não nos existe mais,

quando displicentes,

já não nos somos mais.