Eu, que não sei...

Eu não sigo a maré, não sou peixe do mar, não escolho local para desovar, eu não sou pássaro, escapando do inverno, nem girassol em busca de sua luz...

Eu que possuo raízes mas estou por aí, eu que tenho vontade própria, mas não posso segui-la sempre, eu que sou de carne mas possuo rotina como destas máquinas em que escrevo...

Eu que sou tantas coisas e nenhuma delas completamente, eu que me sinto tão diferente, mas tão ligado a tudo...

Minhas contradições culminam no mesmo ponto de que eu sou o ar, o sol, o mar, mesmo eu que não sei nadar...

Eu ergo minha cabeça para enxergar o topo da montanha, que não posso alcançar, mas mesmo esta é insignificante ao tamanho do meu lar...

Eu que muitas vezes sei, noutras pareço começar...

Eu mesmo que eloqüente em determinadas situações perco a fala, o jeito a simpatia...

Eu que pensei conhecer a mim mesmo, com tanto de mim ainda a ser revelado, me surpreendo a cada vez que sou apresentado...

Somos um emaranhado infinito de possibilidades, há tantos de nós, mal cabendo neste pequeno ponto espacial, que não representa exatamente onde estamos, posso dizer certamente que minha caneca verde esta aqui, sobre a mesa, mas jamais poderia dizer o mesmo a respeito de meus pensamentos...

Eu, que não sei sigo tentando descobrir, abrindo portas, misturando tintas, desembaralhando palavras, tentando desembaraçar a linha dos tempos, sanando curiosidades, respondendo pequenos porquês, observando a mim mesmo e aos outros...

Vendo as engrenagens, como rodam em que direção está girando, qual o propósito...

Tentando encontrar a razão se perde...

Talvez nenhuma resposta seja o suficiente, penso que assim como os números que inventamos, a resposta de hoje será a dúvida de amanha, nós terminamos por aqui, mas daqui outros continuarão...

Eu, que não sei, não tenho medo de admitir o que me falta, só desta maneira me completarei...

Sigo em frente neste árduo processo de descobrir, redescobrir...

Sei bem que minhas etiquetas terminarão muito antes de tudo que posso encontrar, mas com estas mãos farei o que puder, como as suas também...

Cada pequena engrenagem gira de acordo com sua forma, tamanho e função, ciclos diferentes de uma mesma ação, acordes diferentes de uma mesma canção, sobre a ação do tempo giramos, continuando, continuando...

Zeu Rodrigues
Enviado por Zeu Rodrigues em 14/06/2016
Código do texto: T5667399
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