Wind

Eu me lembro de vários "ventos".

O vento que eu sentia na manhas frias em direção a escola. As vezes no alto do viaduto, aquele vento cortando a boca e deixando pensamento longe.

O vento de quando eu ficava na janela olhando pro horizonte. As vezes eu fechava os olhos e me concentrava no som do vento. Os meus pais achavam que eu queria me matar.

Eu me lembro do vento do dia que eu saí de casa. De como foi um dia de ventania , de riso e choro.foi uma noite de ventania forte, e de chuva que correu a madrugada.

Lembro dos ventos de quando eu comecei a trabalhar. O caminho pela perimetral,ouvindo música. E parecia sempre que algo naquele evento me incomodava. Eu era uma tola. Eu desperdiçava minhas pequenas alegrias buscando uma grande felicidade. Eu perdi muito tempo. Eu joguei muito pensamento errado naquele vento.

Eu me lembro do vento de quando voltei pra casa. Vendo as gotas da chuva no vidro do carro, e o vento jogando a chuva com mais força no para brisa.

Lembro do vento do meu mês de férias. Da dor no coração, do vazio que eu falsamente tentava preencher me cercando de gente e saindo de casa pra passar três dias fora.

Tudo que eu tinha era medo de ficar sozinha com meus pensamentos. Tola de novo. O que eu tinha era mesmo que ficar sozinha pra pensar. Devia ter feito antes.

Eu lembro do vento do fim daquele ano. Que eu achava que ia mudar tudo. Mas os meses seguintes só me encheram de vazio e frieza. Eu queria morrer. E eu tentei . mas até pra isso eu acabei fraquejando. Eu só sentia o vento, engolia o choro e pensava "até quando"?.

Lembro do vento do começo desse ano. Tudo estava desregulado. Eu não me encaixava. Eu não me achava. Eu me sentia triste o tempo todo, sem ter pra onde correr. Com vontade de abandonar tudo. Eu me afastei dos amigos, dos colegas, eu saia as vezes pra ver a cidade oi conversar com um amigo sobre as minhas angústias... Mas aquilo era de momento, e depois eu estava sozinha de novo. Sem um abraço. Sem uma palavra amiga. Sem alguém pra dizer " você andou sumida." " o que foi aquilo que você escreveu? Você está bem?"

Pra todos os efeitos não era nada comigo

Nunca era nada comigo.

Eu havia quebrado a cara tantas vezes que falar dos meus problemas pros outros se tornou um fardo. Eu não queria e nem aguentava mais falar com ninguém. Fora as vezes em que eu contei algo pra alguém e acabou se espalhando de uma forma que eu não queria. Até hoje eu tenho um pé atrás de me abrir com certas pessoas e com pessoas novas. As pessoas têm muito veneno. E enquanto eu tento sempre me por no lugar delas, e enxergar que elas podem estar sofrendo e eu não tenho nada a ver com isso( mo sentido de julgar a pessoa), os outros sempre faltam as coisas nas minhas costas. Espalharam boatos e segredos meus.

Eu lembro do vento de quando minha vida melhorou e eu achei alguém pra quem eu posso contar minhas coisas sem medo de ser julgada.

Lembro do vento no alto do prédio, no alto da ponte ,e do vento dos dias seguintes que sempre se encherem e ainda se enchem de alegria ao ver o motivo chegar.

Eu lembro do vento do último dia que esteve aqui. Eu estava na escada e te vi chegar num sorriso. Meus olhos se enchem de lágrimas ao lembrar daquele dia.eu guardo os ventos.

Hoje não tem vento. Estou parada aqui fora e o vento não vem.

Estou olhando as estrelas e pedindo a Deus que traga paz ao coração de quem eu tanto amo.

Leve pelo vento essa minha oração.

E traz de volta ao coração dele a alegria e felicidade que ele tinha quando me encontrou.

Será que fui eu a culpada de mudar a direção dos ventos ?

Eu tenho medo de estar ventando errado.