Praticando o desapego...

01. Aquele amor que você tanto quer, mas a pessoa simplesmente não te quer, não foi com a tua cara, não caiu a ficha, não deu química, se se beijaram, os gostos não combinaram, não teve afinidade. Acontece meu amigo. Livra-se dele ou dela. Li uns tempos atrás algo muito engraçado: “Ela não foi com a cara do seu pinto, e pronto, caia fora! ” Parte para outra, porque enquanto você perde tempo desejando alguém, mais excitado ainda pelo simples fato dela não te querer (a lei da selva: quanto mais difícil melhor!), há tantas garotas/os querendo uma pequena chance para ter um relacionamento com você, para te fazer feliz. Tudo isso vale vice-versa também.

02. Sabe aquele emprego que você não consegue descolar, embora fale dele para todo o mundo, anuncie nas redes sociais do mundo inteiro? Simplesmente, pode não ser seu. Talvez, você não esteja preparado, talvez não tenha capacidade de chegar tão alto. Por isso, relaxa. Vai atrás de algo que também traga prazer para a tua vida profissional e que pague bem as suas contas e ainda sobre uma quantia razoável para o final de semana. Coloque o pé no chão. Conheci um garoto de 18 anos (meu aluno) que queria ser gerente aos 23, almejando um salário de R$ 20.000,00 com essa “tenra” idade. Ouvi a estória e vi a inocência e falta de realidade nos planos (ou falta deles) feitos por um jovem totalmente imaturo. “Dinheiro” só vem antes de “Trabalho” no dicionário!

03. Quem sabe o teu salário consiga financiar somente um Pálio, Gol, etc... E você perde o teu precioso sono querendo um carro caro, se endividar sabendo que mal vai conseguir pagar a prestação e vai ter que sacrificar a tua paz de espirito, vai ter que passar pela humilhação de ainda ter que devolver o carro, se ainda não tiver o nome negativado no comércio. Ninguém te ama menos por dirigir um carro mais simples e “quitado”!

04. Desapegue de ser perfeccionista, não cometer nenhum erro no trabalho, preocupando-se com uma performance perfeita para não ser deixado para trás no ambiente de trabalho. Faça o seu melhor e tente até curtir os seus erros e tirar deles o melhor proveito possível, até uma piada sobre isso. Todos gostam de uma pessoa que erra às vezes e admite os seus erros. Isso se chama humildade e bom humor. Os perfeitos no trabalho geralmente são pessoas robotizadas, solitárias na vida social e colocam na “perfeição” uma maneira de escapismo de seus próprios problemas e usam isso contra os outros que são “seres humanos”. Limpar o HD do seu cérebro é muito saudável!

05. Um dos momentos mais gostosos de nossas vidas é quando limpamos as gavetas de nossos corações e literalmente as gavetas de nossos guarda-roupas e também arquivos de nossos computadores. Limpamos e queimamos cartas e fotos antigas de pessoas que passaram por nossas vidas e somente acrescentaram problemas, angústias, tristezas, longas esperas de algo que não aconteceu, traições, egoísmo, etc.…Roupas velhas, calças, camisas, meias, tudo que esteja te deixando feia ou invés de bonita. Desapegar de tudo isso é uma delícia. Mesmo em nosso computador (amigo de várias horas solitárias) devemos limpar velhos e-mails e fotos que nada mais significam para a gente. Quem se mostra orgulhoso de ter mais de mil amigos no Facebook, geralmente não conversa com mais de 5 que realmente devemos considerar grandes amigos. Quem não curte nada meu, não fala comigo, não quer saber como estou de saúde e espirito, não pode ser considerado o meu amigo, não pode ser considerado uma pessoa que quer compartilhar coisas comigo. Isso não é amizade, aliás, nem nome isso tem. Alguém nos adicionou porque o nosso perfil teve algo em comum com aquela pessoa, mas os dias e meses vão passando e a gente nem lembra porque adicionou aquele “amigo”. Deleta o camarada, ele nem vai sentir a sua falta porque ele também tem mais de mil que nunca falam com ele. Livra-se de quem não te acrescenta nada na vida.

06. Eu sou professor de inglês e curto muito comprar livros que me acrescentem conhecimento. Gosto de livros de história, técnicos de inglês, filosofia, sociologia, livros que explicam (ou tentam explicar) porque o ser humano age do jeito que age. É muito gostoso entender o mecanismo de interação entre o ser humano ou entre um homem e uma mulher, porque se amam ou porque alguém te ama tanto e outra pessoa parece que você não toca o coração dela de jeito nenhum, é por ela considerado como uma parede, um desconhecido. Afinidade e atração são coisas maravilhosas, quando bem usadas. Mas eu me desfaço de todos os meus livros tão logo a nova edição seja lançada. Gosto de renovar a minha estante com as últimas novidades daquilo que mais amo fazer: ensinar o idioma mais importante do mundo que abre tantas portas, como abriu para mim. Não tenho apego a nenhum livro porque posso renová-los com uma edição mais bonita. Outros de sociologia com pensamentos mais modernos porque o mundo mudou e mudou junto os conceitos, a percepção, maneiras de ver o mundo e as pessoas. Lembro de um escritor, talvez Paulo Coelho, quando indagado de quantos livros ele tinha na estante. Ele respondeu, para surpresa do entrevistador: “Somente 7, os outros eu faço doação porque a probabilidade de ler um livro muitas vezes é muito pequena, por isso me desfaço deles doando para alguém que vai curtir a estória tanto quanto eu, vai aprender tanto quanto eu aprendi”. Poucas pessoas leem os livros mais de uma vez e deixá-los na estante por tantos anos somente porque gastou algum dinheiro pode ser considerado egoísmo e apego a uma pequena irrisória quantia de dinheiro. Doá-la é mostrar para a pessoa que aquele livro te trouxe momentos de felicidade e você quer compartilhar essa felicidade com ela”

Enfim, eu poderia ir além, mas cada pessoa tem uma lista de coisas tanto materiais quanto espirituais/sentimentais que devemos desapegar. Temos que renovar tudo em todos os departamentos de nossas vidas, temos que nos permitir coisas novas, novas conquistas, novos horizontes, novos amigos (se os velhos não nos querem mais, ou simplesmente nos esqueceram) novos rumos e planos. Temos que nos amar o suficiente para nos renovar, temos que nos sentirmos amados e importantes, mesmo que seja para um pequeno e seleto grupo de pessoas especiais, seja família, igreja, amigos e nunca deixar que as gavetas se encham novamente de lixo que vai ter que ser descartado no futuro.

Paulo Eduardo Cardoso Pereira
Enviado por Paulo Eduardo Cardoso Pereira em 28/03/2016
Reeditado em 21/06/2016
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