A alma do armário
No armário não fica somente homossexuais enrustidos, amedrontados pelo julgamento da sociedade machista e homofóbica. No armário estão todas as pessoas e suas inseguranças,
Ali, naquele lugar escuro, encontramos conforto entre as roupas, calor e silêncio. Ali, onde cabe nossa alma com exatidão. Ali, naquele armário antigo ou naquele armário novinho, se esconde uma pessoa que está amedrontada pelos julgamentos e padrões da sociedade. Ali, naquele lugar onde o sofrimento e a auto inquisição cruel são semelhantes a traças, que corroem a vitalidade e a alegria da alma que ali dentro se esconde.
As pessoas recorrem ao armário pois ali dentro podem vestir o que quiser, pode usar a maquiagem que quer, pode exercer sua liberdade de expressão sem o julgamento das pessoas de fora do armário.
Nesses armários só há a umidade causada pelas lágrimas da alma dolorida e tristes, frustradas por não ter sua liberdade assegurada.
Dentro daquele armário está vários livros de fotos, roupas de ocasiões especiais, ali dentro há tanta história bonita escondida entre os trajes feios dos dramas e frustrações da alma.
Ora, dentro daquele armário jaz uma alma que pode ter sido trancada por si própria como por alguém, ou um feito que a fez, deprimida, entrar naquela escuridão, onde nenhum fio de luz passa por entre as brechas daquele armário.
Naquele armário há uma pessoa, uma vida que tem medo de si mesma. Ali, onde tudo se guarda, tudo se esconde, talvez haja uma alma esperando alguém destrancá-la. Talvez seja isso que falta para aquela alma do armário ser feliz: se ver livre de julgamentos e ter sua liberdade natural assegurada por quem a tirou do armário.