A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional "reflexão"

Inúmeras vezes eu já me peguei analisando friamente esse texto de título "Definitivo" que há controvérsias sobre a autoria, Martha Medeiros ou do Carlos Drummond de Andrade, o Google não entra em acordo.

O autor eu não posso precisar, entretanto o texto que no final diz que a dor é inevitável, mas que o sofrimento é opcional me promoveu reflexões muito esclarecedoras. Na tentativa de semear esse esclarecimento, é incrível como me basta avistar alguém sofrendo com algum assunto, sobretudo término de relacionamento que lá vou quase que subconscientemente compartilhar a minha reflexão. Quando me dou por si, lá estou eu, impulsivo, como sempre, a compartilhar o brilhante texto inoportunamente.

Para não ter mais essa atitude intempestiva, penso que o melhor a ser feito é fazer um texto e tornar público e quem quiser que o leia.

Se não tiver paciência de ler todo o texto, o resumo é simples:

Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram, ou seja, o motivo de todos seus sofrimentos não são os acontecimentos, mas aquilo que você esperava e não aconteceu. Logo cabe a você e somente a você, resolvê-los, é uma "notícia" tão boa quanto ruim. Boa pois depender de si próprio é um privilégio de poucos, visto que depender de terceiros é tão complicado quanto incômodo. A parte ruim é a necessidade de modificar a própria mentalidade, com o agrante de preceitos que nos foram impostos a vida inteira, mesmo que indiretamente.

É uma frase tão simples, objetiva e direta que sua interpretação requer muita cautela. Não existe sofrimento, por amor, por falta de determinado emprego ou qualquer outro motivo, isso é balela, falácia, charlatanismo alheio. Dê o nome que quiser ou convier.

A maioria das afirmações desse texto, são tão verdadeiras quanto hipócritas, pois eu mesmo, não consigo efetuar os ensinamentos que profiro aqui, aliás nesse exato momento, sofro profundamente de ansiedade, pois tenho duas "perspectivas" de empregos dos sonhos na mesa, com o agravante de ter conhecido uma mulher que tirou meus pés do chão, mostrando-me qualidades que meu eu contemporâneo desconhecia, valendo ressaltar quão difícil e árduo foi para que meus pés, ao longo de 25 anos de vida, fossem arraigados ao chão.

Em termos de regência, eu, Guilherme que não sou profundo conhecedor do assunto, digo de boca cheia, com grande risco de estar falando bobagem, para mim, o verbo sofrer deveria ser intransitivo, ou seja, não exigir complemento algum.

Se alguém sofre eu entendo que o motivo é sempre o mesmo, algo esperado (expectativa) que acabou por motivo de força maior não realizando-se.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.

E vou mais longe ainda, o verbo sofrer, além de intransitivo, deveria ser conjugado somente na primeira pessoa do singular, pois expectativas irrealizadas é algo da pessoa com ela mesma, somente eu sei o que eu almejo para mim mesmo e por consequência a frustração que carrego pelo determinado fato que não realizou-se.

O sofrimento "válido" é aquele no particípio passado (sofrido), desde que venha acompanhado de uma generosa dose de aprendizado.

Se você usa o seu tempo conjugando o sofrimento alheio, no presente, tu sofres, ele/ela/você sofre, nós sofremos, vós sofreis, eles sofrem e no final das contas, ninguém resolve o próprio sofrimento, simplesmente por viver o do outro.

Conjugando o sofrimento alheio deixamos de viver e "concertar" o nosso próprio, sendo que o resultado de esperar mais ou menos, concentra-se somente nas mãos de uma única pessoa, você mesmo (a).

No futuro a conjugação e sofrimento são piores ainda, tu sofrerás, ele/ela/você sofrerá, nós sofreremos, vós sofrereis, eles sofrerão e ninguém mudará nada, simplesmente por viver o sofrimento alheio e não o próprio, algo não prático.

Em níveis de sofrimento e conjugações verbais, bom é o sofrimento no imperativo afirmativo, pois sábia que é a língua portuguesa, eu sequer sofro, sofrem os outros e que seja cada um por si e Deus por todos.

No imperativo negativo, melhor ainda, mundo perfeito, ninguém sofre, chega a ser utopia, mas analisando friamente, basta não criar expectativas que esse universo fica bem tangível e mais tangível ainda se as sábias orientações do texto "Definitivo" forem seguidas a risca.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

Com a certeza de que o mundo oferece a todo o momento, uma infinidade de possibilidades, quando focamos cegamente em uma única, nos fechamos para incontáveis outras, sendo que o mundo é redondo, sapiente, senhor de si e de todos, entretanto ter fé é necessário e se por ventura aquilo que queremos de corpo e alma não nos está vindo é muito provável que aquilo não nos fará bem, hoje, amanhã ou depois.

Felizmente ou infelizmente alguns clichês são para lá de verdadeiros.

Gui Machado, Carlos Drummond de Andrade e Martha Medeiros
Enviado por Gui Machado em 03/10/2015
Reeditado em 04/10/2015
Código do texto: T5403581
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