“Você é boa demais para estar em sala de aula.”

“Você é boa demais para estar em sala de aula.”

A frase, que a princípio parece um elogio feito por um amigo, tem me tirado o sono.

Não, não penso em abandonar a profissão que amo. O que me tira o sono é o que ela realmente significa.

Por que sou “boa demais”? Por acaso existe uma classificação entre os educadores para determinar quem deve ou não estar em sala de aula?

O que me incomoda é o fato das pessoas pensarem que “qualquer um” serve para ensinar, ou seja, que aquele que não deu certo em nenhuma outra área profissional pode terminar a vida nos bancos escolares.

Claro, qualquer pessoa pode tornar-se professor. Basta, para isso, que curse uma licenciatura. Mas não é qualquer um que pode ser um educador. Isso exige excelência no que se faz e amor à VOCAÇÃO. Sim, quase um sacerdócio.

E então, quando um educador faz de sua profissão sua vocação e supera as expectativas do sistema educacional falho, as pessoas observam sua capacidade e passam a especular o porquê da escolha profissional quando, obviamente, poderia “se dar bem” em muitas outras áreas bem melhor remuneradas.

Não sou “boa demais para estar em sala de aula”. Estou em sala de aula “por ser boa demais” para exercer qualquer outra profissão. Simples assim. Sem falsa modéstia.

O educador deve se orgulhar de quem é e do que ele sabe que representa na sociedade, mesmo que a mesma não lhe valorize.

No final, a importância da vida nunca esteve no que as pessoas pensam sobre você, mas no que você sente que pode ensinar às pessoas que ainda não sabem pensar sozinhas.