PAI – PARENTESCO DE SANGUE, AMIGO, INSUBSTITUÍVEL
 
 
Uma semente do velho mundo se concretizou em terras abaixo do Equador,
Nasci em uma época que tudo era belo,
Cresci protegido no seio de uma família ideal,
O provedor, meu pai, se esmerava na qualidade,
Lembro-me das delicadas pétalas das flores de miolo de pão,
Com aquelas mãos fortes e tão hábeis, quase um paradoxo,
Como encerrava-se uma sensibilidade em uma casca corpórea daquela natureza ?
Não que fosse brutalizado, mas pela rude vida
Não há adjetivos que sejam suficientemente competentes para uma descrição precisa,
Nossa lida foi tão rápida, graças a nossa breve temporalidade,
Um grande amigo voltou ao seio de Gaia,
Quase que um soluço como já descrevera em outras oportunidades,
Como filho, queria poder lhe dar algumas coisas que ansiava,
Ir nas minhas formaturas,
Ver seus netos crescerem,
Participar efetivamente de nossas vidas com sua vasta experiência,
Da minha parte, queria lhe dar um carro novo,
Mergulhar nos seus olhos castanhos claros,
Ver naquele brilho seu amor incondicional,
Seu semblante vermelho e uma pele irretocável, mas com barba serrada de lenhador,
Minha alma ficaria farta,
Seria como o despertar de coisas proveitosas,
No entanto, a vida não se retrata assim,
Foi retirado de minha vida, abruptamente,
Os elementos conspiram, nem em sonhos vejo seu rosto,
Algumas vezes em alhures metais, vejo sua silhueta,
Quero gritar seu nome, mas parece que estou sem energia,
Sua cognição encantava-me,
Trabalho escolar, qual a capital de Honduras ?
E uma voz calma e marcante disse: Tegucigalpa,
Verifiquei a verdade, do acerto, de um homem diferenciado,
Comecei a explorar-lhe mais e mais,
A resposta surgia ao fim do meu questionamento,
Pai, você sabe todas as capitais ?
Algumas ilhas do Pacífico eu esqueci,
Falava aquilo incrivelmente com uma simplicidade dos de coração puro,
Sentia orgulho de ter pelo menos 50% de seus genes,
Passamos anos juntos, e nunca expressei com todas as minhas forças o meu amor,
Esqueci-me de nossa longevidade efêmera,
A alquimia às avessas, ela novamente,
Peço ao Pai que está nos céus, um habeas corpus para seus pecados,
Afinal, somos carne e quem não erra ?
Que ele possa ensinar o que sabia e a ele depositado o crédito,
Retirado da escola de forma igual a um estupro,
Criança que era, me dizia usar sapatos de cachorro,
Isso significa pés no chão,
Jamais um ato ou palavra contra seus pais,
Que filho maravilhoso !
Um pai exemplar,
Uma pessoa talentosa, um filho de Deus,
Um dia vou me juntar a ele, mesmo que em sonhos,
Espero que essas linhas sejam lidas por ele,
Que ele se regozije de tudo que criou, de forma tão sagaz,
Assim, ame o seu pai, sem reservas,
Essa é uma história minha, não pretendo reconhecimento,
Mas, preciso contar ao mundo, de como fui feliz.
 
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MUTLEY
Enviado por MUTLEY em 24/08/2015
Reeditado em 27/01/2016
Código do texto: T5357633
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