A Ti

Quem é essa, pois, que minha alma alarida suplica nos umbrais dos horizontes pretéritos?

Quem és tu, lírio campestre dos jardins patrícios de antes, donde perdeu-se a realidade do meu tempo e espaço?

Sombra terna e angelical, qual me acalma e desespera, qual me ama e me odeia.

Oh! Sim! Odeias-me! Pois que mais infeliz me faço sentindo-te e não te vendo.

Amor inconfundível devoto a este ser, qual nem mesmo sei se habita o universo,

Apenas afirmo nos suores de meus delírios, na paz de minha solidão tumultuosa e eterna,

Que lhe sou sincero devoto, escravo de sua memória ainda imaculada nas profundezas de mim mesmo.

Amo-te criatura! Mesmo que a tua existência ainda me hesite!

E não há anjos no céu, nem demônios na terra que possam me furtar o te querer desse coração em desalento.

E não há aqui, neste mundo, onde jaz este moribundo, travestido em mim, teu eterno servo, alma que te possa substituir,

Haja vista, que nem mesmo estas ridículas e infantis palavras são dignas de ti,

Que és a criatura sublime das divindades, a alma das poesias, o cântico dos Apolos.

Assim, espero resignado no infinito de meus dias, conservando minha obra-prima, que és tu, alma querida.

Insisto e persisto! Resisto, ainda, à poeira dos tempos amargos dessa viagem cruel, abafante de amores como o nosso, tão puro, tão febril...

E nos campos eternos da saudade que me engole fria e desmedidamente, suporto tudo e tudo me suporta,

Pois, por quem sois, a espera nada me é, já que aguarda-me a incomensurável felicidade de dias teus.

E tu, alma amiga, não te alardes nas infelicidades passadas, és ainda aquele que tenho querido nas proximidades de minha irmandade,

Nos escaninhos das tendas da vida, és ainda tão bela memória irmã das aquarelas de outono.

Sede pois, feliz como outrora fui, ainda que viva em nós o desespero das querelas de tempos outros,

Conquanto não me prive as migalhas e os retalhos de minha gêmea, sabendo eu que não a pode ser menos que isso, todavia, só o verossímil sentimento do amor divino pode sobreviver a tão abafado secular desespero.

Despeço-me, invisível saudade. Das telas de minhas glórias, és a mais perfeita das emoções celestiais, guarda-me no pulsar dos teus dias mais felizes, pois, por quem sou, reitero minha promessa de amar-te eternamente nos eternos dos tempos, haja aqui, fogo ou mar, eu viverei a te amar.

Camila de Almeida
Enviado por Camila de Almeida em 18/07/2015
Código do texto: T5315208
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.