PARADOXOS DA VIDA E DA MORTE

PARADOXOS DA VIDA E DA MORTE

Oh Chicô !, tens de trabalhar homem de Deus,

Tenho uma vaquinha, alguns calangos e pouca água para mim ou os meus,

Tenho cajá e caju em meu terreno, quero vender,

A prefeitura tem de saber, senão eles podem até te prender,

Ué, não tenho ajuda do salário família, as contas já estão uma pilha,

Vou vender o leite então aqui, o leite da mimosa,

Ô rapaz essa sua ideia é muito perigosa,

Mas, doutor, o que faço nesse caso ?

Tens que ter as coisas no fino da bossa, vacine ela contra a febre aftosa,

Além do preço, a mimosa corre em disparada por coisa pouca,

Será que além de tudo tá com a doença da vaca louca ?

Não é possível não, doutor, a mimosa é um amor,

Sem cadastro, carteira de trabalho, pagar a inscrição e sem vacinação ?

Mas não tem dinheiro nem para comer,

Acho que vou colocar a água artesiana para vender,

Shiii, não faz isso se não, pois vão te enfiar no camburão,

Prender por vender água, que coisa insana ?!

Foi a tal de ANA,

Quem é essa danada de mulher, com essa negação quase profana,

Oh! Ana não é mulher,

Mas mete o bedelho em tudo que quiser, sem ter mágoas

Ela é agência nacional de águas,

Então esse trem pode me ajudar ?

Ela costuma cobrar,

Tirar água do solo é proibido por lei

Como vou honrar com esse dever ?

Você pega um empréstimo no banco,

Se eu pegar no banco a única coisa de garantia é meu tamanco ?

Isso o banco não aceita ?

Tens que ter alguma receita?

Na receita em paguei em 8 vezes muito dinheiro, só porque disse ter dois porcos no chiqueiro,

Mas isso é renda,

Não sei o que quer dizer para vocês doutores,

Sei que estou passando por muitas dores,

Não tenho esperanças então ?

Calma Chicô, vou ver com o alto escalão.

Tempo ser passou e o doutor retornou,

Viu uma terra estéril e chorou,

Da mimosa, a vaca faceira de nosso bom moço, sobrou apenas o osso,

Já inclusive jaziam em terreno feito baldio,

E ainda o biocheiro era algo nada maneiro,

O poço destruído, situação dos desvalidos

Os porcos talvez ainda pequenos foram as últimas refeições,

Não adiantou nem sequer as orações,

Nesse momento um sino ecoou pelos ares,

Eram romeiros entoando deus-padres,

Água secou, o leite acabou, o dinheiro não entrou,

Chicô se desesperou, os porcos quem saciou,

A fome e a vicissitude ensaiada, enquanto era desprezada,

Por aqueles que deveriam nos proteger,

E somente querem é nos F - - - r,

Quantos Chicôs você conhece por aí ?

Quantos mais sofrimentos irão surgir ?

Tenho água, petróleo, mineral, espaço e gente,

O que falta no planalto é gente competente,

E que de uma vez por todas parem de esfolar essa pobre gente.

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