Geração cabeça baixa

A geração cabeça baixa se caracteriza, obviamente, por estar sempre olhando para baixo, geralmente para o celular. Mas além disso, caracteriza-se pela ausência de ambição e de vontade.

Sem entrar no mérito acerca dos problemas de coluna que a postura adotada pode causar, a geração cabeça baixa, quando enfrenta um problema, procura a solução mais rápida. Caso não a encontre ao tempo de um clique, desiste imediatamente. Ao invés de erguer os ombros, olhar para cima e pesquisar a origem do problema, acaba retornando ao status quo, mantendo-se novamente inerte e, paradoxalmente, incomunicável com o mundo exterior, mas altamente comunicável com o mundo virtual.

A geração cabeça baixa possui dificuldade em formular uma frase completa, imbuída de coesão, a fim de transmitir suas ideias através de uma conclusão lógica. Acompanhada, geralmente, de um déficit voluntário de atenção, a geração cabeça baixa não abaixa a cabeça para estudar. Ela não racionaliza e compartilha informação sem ao menos verificar sua veracidade. Ela reclama que o mercado de trabalho está saturado, mas não se dá conta de que está saturado apenas para aqueles que não conseguem se comunicar apropriadamente e para aqueles que, ao tropeçarem, continuam olhando para baixo.

Levando com a barriga a escola, a universidade, o emprego e a vida, a geração cabeça baixa está cada vez mais infeliz e insatisfeita. Com os olhos caídos e o queixo imerso no tórax, não percebe que seu descontentamento é fruto de seu próprio comportamento.

A geração cabeça baixa está viva, só lhe falta disposição para levantar e viver.