O Desapego nos Relacionamentos

Muitos interesses atuam no sentido de deturpar os

conceitos que podem levar o homem ao caminho

verdadeiro e a sua completa liberdade, e o desapego

também não escapou disto.

O desapego nos relacionamentos vem sendo

banalizado e divulgado como simples sexo livre.

Desapego não é falta de interesse nem falta de amor,

mas apenas independência.

Imagine que você ganhe um carro maravilhoso,

confortável e com tudo que poderia imaginar.

Certamente terá muito prazer em dirigi-lo. Não há

nenhum problema nisto, estamos aqui para ser felizes.

Mas se depois desfazer-se deste carro se tornar um

problema, significa que você passou a depender dele.

Aquele prazer que antes você não conhecia e não lhe

fazia falta agora se tornou essencial para você. Você

ficou viciado naquele prazer, apegou-se e depende

dele. Esta é a fonte de todo o sofrimento. Você pode

usar, mas não precisa ter, deve se manter livre e

independente, ou todo prazer vai reverter em

sofrimento.

Todo apego gera sofrimento.

No amor e nos relacionamentos pessoais vale a

mesma regra. Você só estará pronto para amar

verdadeiramente quando estiver bem sozinho, quando

se bastar e não depender dos outros. Deve ser muito

bom estar com a pessoa que ama, mas também deve

ser muito bom estar sem ela. Seu amor não pode ser

uma muleta.

“Quem não é um bom impar,

jamais será um bom par.”

Você também precisa entender que tudo que faz é por

si mesmo, e não pelos outros, não deve esperar

contrapartida.

Se quiseres preparar um café da manhã para a pessoa

que ama, e surpreendê-la, faça-o e mergulhe todo seu

ser nesta tarefa, absorva o prazer de cada instante, de

cada detalhe da preparação. Entregue ao seu amor e

curta cada detalhe, cada expressão do seu rosto,

absorva aquilo e sinta todo o prazer que você merece.

Depois, sinta-se satisfeito, compreenda que foi bom

para você e que o outro não precisa retribuir. Não

espere que lhe façam o café da manhã no dia

seguinte. Se você não quiser repetir mais isso, não

repita, mas também não cobre nada do seu amor.

Você simplesmente fez o que queria e lhe deu prazer.

Isto basta, acabou, não espera nada em troca. Você

fez porque quis e foi bom para você ! Só isso !

Acabou !

Este é o amor incondicional, que não espera nada em

troca, que não se apega porque respeita a liberdade

do outro. Que ama a essência do outro e todas as

suas formas de manifestação. Onde suprimir uma

destas formas de manifestação é macular este amor, é

destruir o que você ama.

Amar verdadeiramente é amar o outro em liberdade e

não em uma gaiola.

Os que não entendem estes conceitos vão confundir

isto com falta de interesse, porque só sabem viver no

apego. Se apegam e se viciam em tudo que gostam e

não conseguem entender como alguém pode gostar e

não sofrer com uma perda.

Você deve amar ao outro como ser livre, sem posse e

sem dependência. A sensação de posse vem da sua

dependência, do medo de perder. Você não é livre

porque depende e quer tirar a liberdade do outro para

não perdê-lo.

Dependência não é amor, quem depende apenas

usufrui. É apenas um vampiro. E dois vampiros

formam apenas uma simbiose, mas nunca serão dois

amantes.

“Dê a quem você ama:

asas para voar,

raízes para voltar

e motivos para ficar.”

Dalai Lama

Não há nada mais belo do que dois seres livres

permanecerem juntos ligados pelo amor incondicional.

Este é o verdadeiro amor, fiel pela sua natureza, que é

a própria liberdade.