UM Dia ESCURO

O peso da madeira arqueava e feria suas costas, a cabeça sangrava e doía fortemente, seus olhos cheios de sangue não podiam ver o alvoroço da multidão, e que ingratidão, a mesma turba que ovacionara: Hosana, bendito o que vem em nome do Senhor! Gritara: crucifica-o!

A mesma multidão admirava o espetáculo cruel e injusto, num misto de euforia e horror. Mulheres choravam, soldados riam e se divertiam, discípulos fugiam e o governador lavava cinicamente suas mãos, "não tenho nada a ver com isso!"

Numa tarde de horror, o céu se escureceu, pois, naquele dia matavam a luz. O mundo amado rejeitou o amor. O mundo em trevas rejeitou a luz. Por três horas as trevas reinaram e até o soldado romano teve de reconhecer a verdade: Não era um simples homem.

O véu que sempre separou a criatura de seu criador rasgou-se por fim, abrindo o caminho outrora fechado. O mundo perdido, sufocado pelas trevas, pôde enfim, ironicamente, encontrar a luz no dia mais escuro da história humana.

No dia em que se tentou apagar para sempre a luz da humanidade, só conseguiram torná-la ainda mais forte e acessível ao mundo

Edson Ázara
Enviado por Edson Ázara em 23/02/2015
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