HOMENS: ANJOS, DEMÔNIOS E TODO (TUDO) O MAIS
 
Normalmente, não grafo contos. Nem crônicas. Muito menos os que versem sobre insobriedades da natureza humana. Nem falo de perfeições ou de imperfeições do que chamam de “Ser”, pois o simples fato de mencionar tais substantivações colocar-me-ia como inevitável construtor de gêneses e, portanto, paradoxalmente perfeito e impefeito ao mesmo tempo, mesmo que eu insista em me atribuir, dependendo da ocasião e da condição que melhor me apraza, como um ou outro.

Aliás, do mesmo modo que não se pode afirmar que o pensamento, o ato, o fato ou qualquer coisa (arte ou desastre) que venhamos a parir tenham atributos de perfeição e de impefeição apenas, mas que se formam pela mesma completude e complexidade paradoxal de ambos, por inalienável origem em nós: seus espúrios criadores.

Pelo contrário, a tudo de nossa origem, costumo tratar como sendo de abnormal fonte: sejam luzes ou sombras escorridas, até porque nunca soubemos realmente diferenciar qual seria mais sublime (se as luzes que ganham evidências graças às sombras ficticiamente terminais; ou se estas que se sobressaem por falta de real e verdadeiro combustível daquelas).

Hoje, porém, vou falar algo neste sentido, e sem muito adelongas: deste palco onde subimos ao nascer (quer se trate isso - ou não - de uma escolha inconsciente ou abstrata, feita já de antes de nossas existências), criamos uma singular condição, qual seja a de nos transformarmos em inexoráveis construtotes de sonhos, de ilusões, de esperanças, de crenças, de desejos, de fantasias, de ideais (como de suas antônimas e pedregosas contrapartes) etecetera, forjadas sobre as colorações de imagens que espalhamos a todo momento.

Sob o ponto de vista do EU, tudo é fabricado a nossos aprazeres, incluindo-se as quedas, os sofrimentos, as angústias e as dores, embora costumemos negar nossas sombriedades e regozijar sobre nossas luminescêncais cegas. Não obstante, do ponto de vista do NÓS, tudo é posto como sendo fabricado para o bem do próximo, ou para o bem comum, como que se não fôssemos humanos, ou como que se tivéssemos perdido essa imanente condição, simplesmente por termos desenvolvido um modo menos inseguro de conviver em sociedades.

Ora, pois, que há aí um grande paradoxo, o qual se vê nas palavras voláteis e nos néons disparados; enquanto, aos cômodos escuros, tilintam todo tipo de pensamentos, de devaneioos e de atitudes soturnos.

E eis uma das mais fortes razões de este niilista disparar tanto contra as tremeluzências jorradas como água por aí, com invocações da primeira pessoa, como por exemplo: “sou bom”, “ajudo o próximo”, “vamos orar a Deus, irmãos”, “os anjos olham por nós”, “afasta-te satanás”, “amemos ao próximo como a nós mesmos”; enquanto usam a segunda para o elogio incauto (com vistas a se lograrem êxitos sempre, mesmo que neguemos) ou a afensa olheia e clara: “não faça isso, menino, não te ensinaram bons modos?” , “você mentiu para mim”, “você é um traidor”, “vai tomar no seu cu”, “viado”, “safada” etecetera.

(Um pequenos esforçode memória: em alguma desavença ou confusão, costumamos ver rostos irados e ouvir sonoros *você mentiu", "você é um traidor", “vai tomar no cu”, “safado” etecetera; mas já ouviram, nestas mesmas circunstâncias "eu menti", "sou um traidor", “vou tomar no meu cu” ou “sou safado”?)

Não obstante, claro que esta não é a única razão de eu chamar ao “Ser” de a principal abnomalia da natureza (conhecida e desconhecida) e de lhe tentar dissecar a estranha, senciente e vulpina psiqué.

Mas isso fica para um outro momento.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 13/01/2015
Reeditado em 13/01/2015
Código do texto: T5100072
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