Vaidade das vaidades, é tudo vaidade.

Tem um texto que me marca desde minha jovem juventude e que hoje gostaria de fazer uma análise.

Primeiramente, não gostaria de levar em conta somente o contexto religioso da obra. Gosto de ver a bíblia, também como uma obra de socialização do ser humano. Ela traz alguns parâmetros bastante aplicáveis em nosso cotidiano. Já li alguns ensinamentos de diversas religiões e elegi dentro da minha 'comissão organizadora de pensamentos e atitudes' diversas preciosidades que aplico na vida.

O texto que escolhi, encontra-se em Eclesiastes, capítulos 1 e 2.

'¶ Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.

Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu.

O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.

Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr.

Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.

¶ O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.

Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.

Já não há lembrança das coisas que precederam, e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança, entre os que hão de vir depois.'

Este trecho fala de nossa pequena visão sobre o tempo do mundo. Pensamos normalmente sobre nossa pequena existência. Talvez 60 ou 70 anos, e por mais que lutemos não passamos mais dos 120. Mas há quem pense um pouco além. História de nossos antecedentes, estórias de nossa pátria e mesmo assim, não passamos de quinhentos anos. Há quem vá mais além: a origem da vida humana, dos animais e de tudo que hoje conhecemos. E ainda assim não conseguimos definir bem a temporalidade em que o mundo acontece.

O que pretendo é fazê-lo, meu leitor, pensar em nossa curta existência.

O livro de Eclesiastes foi escrito em mais ou menos 935 AC e mesmo naquela época essa reflexão não era nova. Essa questão nos acompanha desde a consciência.

Mesmo as conquistas mais impressionantes da humanidade, em algum momento não existirão mais. Algumas serão lembradas por algumas gerações em seus escritos. Mas não sobreviverão. Grandes obras de arquitetura, grandes guerras, grandes crises, grandes descobertas. Tudo isso passará. Pensemos, por exemplo, nas civilizações pré-colombianas, nas grandes potências egípcias. Eram coisas grandiosas na época, mas passaram.

Mesmo evoluindo e documentando com mais "precisão" nossa história, podemos perceber que de fato as coisas novas, não são tão novas assim. Que é tudo cíclico. Uma mistura constante de passado, presente e futuro, sem definição de forma.

Num contexto geral, o livro de Eclesiastes falam de se alegrar e fartar do próprio trabalho, e buscar objetivos que justifiquem nossa existência, porque o que resta é apenas vaidade se não reconhecermos nossa vivência.

Independente se acreditamos em Deus ou não, algo nos justifica. E estamos aqui e agora.

Portanto, às vezes nossos grandes problemas, nossas grandes mágoas, nossas grandes conquistas, nossas pequenas alegrias, nossas grandes euforias, devem ser medidas por uma outra ótica. Isso com certeza nos deixa mais humildes e nos ajuda a desembaraçar os nós da grande teia da vida.