Mais uma vez, refletindo

Mais um ano que está prestes a findar e mais um nas vésperas de nascer. E o que vejo de diferente dos outros que por eles passei? Nada, a não a mesma nuvem negra pairando sobres nós, um presente árduo e um futuro indecifrável. Há anos escrevi um texto que intitulei: Fim de ano, tempo de reflexão. Hoje ao relê-lo fico a me perguntar, mudou alguma coisa desde então? Praticamente nada a não os meus cabelos que estão mais brancos e eu nem gosto de neve, neve me lembra frio e frio me lembra sofrimento. Então olho para trás na busca do que fiz e vejo um rastro de perspectivas frustradas, de esperanças pisoteadas por quem deveria me dar alento e a certeza de um ano melhor e nem choro, não choro porque não tenho mais lágrimas, elas secaram depois que o meu coração endureceu. Mas nem tudo perdi, consegui vencer alguns obstáculos, criar uma família saudável e promissora, ganhei uma netinha linda, mas tenho medo de como será o teu futuro. Melhor, sem violência, abundante, sadio, com segurança ou continuará como o meu? Indecifrável e com medo de sair da prisão que transformei a minha casa?

He! ... é tempo de refletir mais uma vez, mas que reflexão será que vamos fazer agora? Sobre a economia, sobre a inflação, sobre a segurança ou sobre o que faremos se nada mudar e a nuvem negra persistir em nós sombrear. Uma coisa é certa, se tiver que mudar terá que mudar para melhor, pois do jeito que está com certeza não dá para ficar. Lembro-me que quando ainda moço saia de casa e tinha a certeza de voltar são e salvo, hoje, quando meus filhos saem, me apego a uma prece e só a encerro quando eles voltam e assim mesmo tremendo.

Confesso que já vi fartura, segurança, respeito, educação e também tenho que confessar que essas coisas hoje, parecem mais tema de filme de ficção. Acabamos de sair de uma eleição e já tomamos a primeira sapatada, lá se vai a tal da Celic escada acima, o que muitos não sabem é que atrás dela sobem as taxas de juros abraçados a temível inflação, desaparece também a expectativa de uma reposição salarial, o que amenizaria o impacto da nossa dor. A dor de não podermos fazermos uma viajem de lazer com os nossos sem nos preocuparmos com as dívidas, que a cada dia nos ferroam mais profundo.

Eu, que já estou descendo a ladeira não deveria me preocupar com o futuro, mas como não sou egoísta me preocupo com o futuro dos que aqui irei deixar. Minhas preces, ah! Minhas preces que deveriam ser só de agradecimento, hoje tem quase sua totalidade nos pedidos, pedidos de socorro para mim e para todos nós. Ai, ai me lembro da reflexão e dos anos anteriores e sorrio, mas o meu sorriso mais parece um choro do que propriamente um sorriso de agradecimento, de despreocupação. E assim, assim eu vou indo, refletindo, persistindo, enquanto a vida me florear pela pele e está ainda respirar uma esperança. Vocês sabem, eu vou, mas um dia eu volto, sempre pedindo que Deus nos abençoe hoje, amanhã e sempre.

ChangCheng
Enviado por ChangCheng em 31/10/2014
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