DO QUE VAI AO VENTO E DO QUE FICA INCUTIDO

DO QUE VAI AO VENTO E DO QUE FICA INCUTIDO

Há sempre algo a ser dito e nem todos fazem ouvidos moucos. Ouvir tão somente a nossa voz pode causar enfado. Há outras vozes também além do eco da nossa própria. Às vezes fechar a janela para que não entre a luz, pode ser o ensejo para que essa entre por uma fresta e incida justamente onde deva incidir e não fique dispersa. Direcionar. Focar. Indubitavelmente essa postura será mais eficaz. Tudo o mais é dispersão. E o que suscita o desvio da convergência a um objetivo, não se coaduna com a coesão anelada. Talvez muitas janelas devam ser fechadas para que a luz entre pelas frestas e incidam nos pontos que devam incidir.

Embalde às vezes é gritar ao vento. Às vezes um cicio delicado pode incutir na alma mais verdades do que um grito rude e alto, mas inaudível.

A voz melíflua, canora e maviosa encanta com uma melifluidade que cativa mais que os grilhões estridentes de uma algaravia.

O eufemismo e a sutileza devem ser aplicados, em detrimento da rudeza da linguagem. Ser severo, ser rígido, pode estar impregnado de estupidez. E qual a justificativa para a estupidez? Para impactar, para espantar, para causar incômodo, para fustigar? A sutileza pode fustigar mais do que a rudeza. E pode ser pungente.

Somos todos seres reflexivos, pois refletimos justamente o que está em nós, de formar imanente, transluzindo em nossas palavras e em nossas ações o que somos. E é isso o que passa pela fresta.

Ninguém é amigo dileto da Verdade, mas todos fazem parte do seu séquito.

Valdecir de Oliveira Anselmo

Da Série Pensamentos

Valdecir de Oliveira Anselmo
Enviado por Valdecir de Oliveira Anselmo em 24/08/2014
Reeditado em 06/11/2014
Código do texto: T4935285
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