Poderia Ter Sido Só Sonho

E lá estava eu naquela estação, esperando pelo tão sonhado encontro. De repente meus olhos encontraram o seu. Vi-me diante do grande amor da minha vida, sem nenhuma tela entre nós, sem precisar fazer uso de palavras para expressar tamanha emoção - não houve palavras - apenas o olhar, e no olhar a certeza de que era você quem eu esperei a vida inteira. Quem diria, nós dois lado a lado, apreciando o silencio, talvez com medo de estragar a magia que havia ali. Cada movimento observado cuidadosamente. A altura. O formato do rosto. O sorriso. A forma de andar... Pensei comigo: não pode ser verdade! E você, como se pudesse ler meus pensamentos, pediu-me um beijo. E quanta ternura no toque de nossos lábios, quantas sensações contidas num simples gesto. Crianças descobrindo sensações pela primeira vez.

E lá estávamos nós caminhando de mãos dadas - sob os olhares curiosos das pessoas - transbordando de felicidade. O mundo parecia só nosso, como se nada mais importasse. A emoção de poder dividir a mesma cama, o mesmo espaço. E apenas por costume desejamo-nos uma boa noite, certos de que seria a melhor noite de nossas vidas. Ao abrir os olhos, a felicidade por perceber que não fora um sonho, pois você estava realmente do meu lado.

Os dias se seguiram, e como que num piscar de olhos aquela estação, que antes fora um local de encontro, tornou-se o ponto de despedida. O choro engasgado em nossas gargantas, o cuidado em pronunciar as palavras para que as lágrimas não rolassem desesperadamente por nosso rosto, e o “eu te amo” bem disfarçado no simples “se cuida”. E o coração, embora triste, carregava consigo os planos e as promessas de um amor eterno.

Os dias seguintes foram de saudade, de lembranças e um único desejo: que o tempo passasse depressa. Mas nem tudo acontece como esperado e o tempo arrastou-se de maneira proposital, fazendo as promessas, os sonhos e os planos perderem-se em sua infinidade. E eis que me vi acordando do mais belo sonho. De repente as palavras de amor deram espaço ao silêncio. Não o silêncio de antes, mas o silêncio perturbador que grita aos seus ouvidos que não existirão mais palavras bonitas, nem juras de amor, nem planos futuros. O silencio que tem o poder de partir seu coração em pedaços incontáveis.

O amor? O amor eu não sei. O dele eu não sei para onde foi. Talvez tenha encontrado outro riso, outro sonho, outro “porto”. Ou talvez tenha sido um engano. Pessoas cometem enganos. O meu? Ah como eu queria que fosse um engano, uma confusão do meu coração que nunca “bateu” bem das ideias. Mas não, o meu amor continua aqui (infelizmente), me fazendo lembrar que nem tudo acaba quando termina.

"Ontem lembrei de você, hoje também. Amanhã... Amanhã não sei.”

Renaly Mendonça
Enviado por Renaly Mendonça em 27/03/2014
Reeditado em 01/04/2014
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