A Pior das Formas de Sentir

Ecos distantes, gritam, imploram: "Recupera tua sanidade!"

"Impossível", eu lhes digo. Pois foi embora, e foi com você.

Engulo o que resta de café na xícara, não tão pronta para encarar mais uma noite, mais tantas epifanias que vêm e vão na minha cabeça.

Olho ao meu redor e tudo é bagunça: meu futuro, minha psique, minha vida, minha cama. Aquela cama que bagunçamos, que para sempre está marcada com a sujeira prazerosa que envolve o pecado.

Saio, enfim, e olho para o céu. As estrelas encaram-me como se fizessem um milhão de desafios, um milhão de suspiros de desapontamento. Não deveria ser só o infinito que importa? Eu me pergunto. Enquanto estamos aqui nos preocupando com ser alguém, não percebemos que deveríamos ter nascido alguém que importa. Não para o mundo, não é como se o mundo todo importasse de verdade. O mundo todo de fato é algo muito relativo, pode caber numa fração de pensamento. O mundo todo pode ter estado nos meus braços, pode estar perto de escapar. O mundo todo é tão místico e soturno que não há psicologia que explique como lidar e como prever. Comparo o vai e vem do universo com teu sexo, me apaixona e me deixa, pra depois me apaixonar de novo. Até quando? Por que? E como eu, justo eu, pude me deixar prender por amarras tão fortes e tão invisíveis a um ponto que não sei de onde vem tanta vontade?

A verdade é que, por mais que eu evite, sinto falta, sinto medo e sou dessa raça predominante de humanos pessimistas que vagam sem esperar muita coisa. Até que, quando menos se espera, aparece algo que a mente pessimista nunca viu como possível, não sabe interpretar. Apenas aguarda, e aguarda que um dia alguém bata na porta da sua consciência com um manual de como lidar com tudo isso antes que arranque tudo de mal que insiste em prevalecer no espírito, que é o que move essa mente auto-psicopata.

Gwenhwyfar
Enviado por Gwenhwyfar em 09/01/2014
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