CULTO AO CORPO

Via de regra, o ser humano direciona seus atos no intuito de realizar-se existencialmente e de alcançar a felicidade plena.

Independente da interpretação conceitual que se faça da felicidade, ela é um objetivo único, que apresenta diversas maneiras de viabilizar sua conquista, de acordo com preceitos culturais, morais e éticos.

As características decorrentes da vida moderna têm exercido a uniformização instrumental desta busca: o culto à beleza física que proporcione diferenciação e ascensão social.

Numa sociedade fundamentada na alta velocidade de ação e reação, seja na esfera política e econômica, seja na social, o estabelecimento de relações interpessoais depende da capacidade atrativa que a imagem pessoal exerce nos outros indivíduos. Evidente que esta afirmativa não deve ser generalizada, pois há aqueles que não se encaixam nesta hipótese e seguem outros parâmetros para realização pessoal.

O desenvolvimento técnico-científico possibilitou a dispersão instantânea e mundial da imagem pessoal. Com um click, um empregador tem acesso à imagem de diversos concorrentes a uma vaga de emprego.

Uma pessoa interessada em relacionar-se com outras distribui suas fotos em páginas de livre acesso na Internet; uma atriz iniciante tem sua atuação veiculada do outro lado do mundo.

Neste contexto dinâmico, tanto na distribuição quanto na diversidade de imagens pessoais, a boa aparência assegura maior visibilidade social, seja para o candidato a emprego, seja para a pessoa que busca relacionar-se, seja para qualquer um que queira ascender social e pessoalmente.

Logo, a imagem exerce a função de captar a atenção necessária à apresentação das qualidades não perceptíveis à primeira vista.

Desta forma, é saudável o cultivo de uma boa imagem.

O problema surge no instante em que esse cuidado torna-se exclusivo e o indivíduo negligencia seu desenvolvimento interior, inclusive a própria saúde. Afinal, toda apresentação pressupõe a exposição de um conteúdo que sustente as relações recém-estabelecidas e a ascensão social por elas proporcionada.

Relações baseadas somente em aparências e sem os requisitos básicos necessários ao ser humano são perigosas a toda e qualquer pessoa, pois tornam seu status social instável e sensível a qualquer abalo em sua imagem. É o caso, por exemplo, da atriz que é esquecida em sua velhice, pois construíra sua carreira estribada apenas numa beleza física, finita no decorrer dos anos.

Observando essa realidade, a boa aparência configura um ótimo artifício momentâneo de elevação e apresentação social, mas que não se sustenta sem predicados interiores.

Buscar saúde é bom, buscar beleza é bom, tão bom quanto procurar o convívio, pois são fontes de bem-estar e proporcionam qualidade de vida. Porém, ficar doente para conseguir o corpo desejado e fisicamente desejável é irracional.

O estabelecimento de um equilíbrio entre qualidades interiores e exteriores asseguram a consolidação das realizações pessoais, viabilizando ao ser atingir seu maior intento existencial: a felicidade.

15.11.2013

20:35

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 15/11/2013
Reeditado em 16/11/2013
Código do texto: T4572409
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