Meros devaneios

Penso comigo em um instante em que desatino sobre as sombras de meus pobres pensamentos em relação ao mundo, às pessoas. Quando o meu EU tenta empregar, de maneira tosca e desajeitada, meus conceitos e felicidades próprios em prol ou em benefício do OUTRO. Como se o OUTRO necessitasse categoricamente de meus fundamentos repletos de preceitos ínfimos que só conseguem trazer momentos de felicidades a mim mesmo.

Penso isso no momento que analiso comentários de pessoas em reportagens da internet, que sempre atacam ou defendem a posição de quem escreve algum artigo. Pessoas que agridem umas as outras verbalmente sem ao menos conhecer ou se interessar em conhecer as posições que definem umas as outras.

Em uma disputa acirrada entre o EU e o OUTRO, crio debates e embates a fim de massagear meu ego com argumentos e suposições, criando armadilhas ao invés de buscar o puro e decente debate que gera conhecimento, que nos leva ao crescimento, e não a uma disputa de inteligências e saberes à respeito de um determinado assunto. Vivemos em um mundo em que disputas nos definem, onde o simples ato de julgar ou subjugar o OUTRO com armadilhas do meu EU egoísta, nos leva e eleva ao êxtase, ao gozo e regozijo de um simples ato de atacar as posições alheias.

Gosto da posição de um grande escritor que diz que a visão do OUTRO nos mostra como é o meu EU, até porque o meu EU é apenas o reflexo do que existe no OUTRO, pois só podemos nos definir, a partir do momento em que exteriorizamos nossos defeitos e virtudes no espelho da face do OUTRO.