CHOVE EM JERUSALÉM E EM TODA PARTE

Deuses se revelam em seus subservientes seguidores,
ou estes se reverberam a cozer escudos em seus mitos incautos?
Eu, que também desconheço qualquer verdade da exiguidade das coisas,
subo ao monte dos desvios e verbalizo meus desvarios absurdos.

Na bruma, há aspersões de luminescências abstratas,
e o fiel reflexo da verdade não pertence
aos que preenchem infinitos, movendo inércias
e vertiginando movimentos naturais.

Toda soberba e todo poder criatório,
mesmo que desfolheis multidões de deuses,
não podem pertencer a nenhum ente,
senão aos espúrios detentores de razões sencientes.

E toda crença em algum espectro onipotente qualquer
reflete não mais que uma vã tentativa
de vos desproverdes de ansiedades e de limitações intrínsecas.

A exteriorização do bem e do mal personificados,
como se possível fosse a cisão do ego,
demonstra cegas retinas a cobiçarem paraísos sempiternos;
ou a projetarem infernos menos entenebrecidos
que a seiva que corre em vossos rios íntimos.

Ouvi, entretanto, das alvoradas mortas e das que não nasceram:
Vossos deuses são apócrifos, embora lhes deis contornos flagelados
e vos imanem em pertinazes orações.

Saibais que sois vós nada mais que humanóides neandertais,
anomalias da evolução a acalentarem esperanças vãs
em progênies que batizais como sublimidades inconspurcas.

E que assim como vos vestis de homens quando vos quedais,
vesti-vos de ovelhas para rogarem salvações umbráticas;
enquanto cães ateus ladram solitários na pradaria,
alheios aos desalinhos de vossas gêneses alucinadas.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 06/09/2013
Reeditado em 06/09/2013
Código do texto: T4470002
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