Nos braços dela

Neste momento, como eu gostaria de estar nos braços dela. Como eu gostaria de estar sentindo o perfume daquele corpo e ficar convencido de que, por mais que o mundo além daquele aconchego estivesse desabando, ali havia paz. Como eu gostaria de ter aquele sorriso próximo a mim, adornado por lábios vermelhos e macios. Como eu gostaria de perceber a inteligência, a compreensão e a força diante de mim. Eu sei que aqueles olhos eram capazes de me dar comandos. Eram capazes de me fazer alcançar certezas que não precisavam ser ditas.

Como me arrependo de nunca ter dito nada. Eu diria talvez não as palavras certas, mas as palavras verdadeiras. Ao não se falar, criou-se um abismo, uma distância. Quando a gente não preenche uma relação com palavras nossas, é certo que alguém a preencherá no nosso lugar, e nem sempre é coisa boa deixar essa tarefa para os outros. Os outros poderão usar palavras que criam o mesmo abismo, a mesma distância, que o silêncio. Nunca dê aos outros a tarefa de dizer palavras que são suas. Nunca mais acredite que a vida ou o que quer que seja promoverá por si só o efeito que a sua palavra deve provocar.