Encantamento
O encantamento é que dá importância às coisas”.
Na minha concepção, sábias palavras do poeta Manoel de Barros... Que não se confunda encantamento com ilusão ou acomodação, já que o primeiro é apenas aliado a uma forma simples e feliz de viver – e de forma plena. Por essas e outras normalmente contento-me com o pouco (“com Deus é muito”) que esta me proporciona: vivo, pois, num encantamento constante pelo mínimo de possibilidade e beleza que me é proporcionado. Afinal, se fosse para viver só de bons resultados, será que (re)conheceríamos o glamour das grandes vitórias? Não desisto facilmente; ou blasfemo por pouco, mas me atenho para a sorte que visiono, ou não, mesmo que seja só (?) a própria “vida”, em seus lampejos de amor e ódio; alegrias e decepções, nas conquistas ou agruras... A dor passa, a saudade passa, o amor ou o ódio passam; só que a vida, essa, - a mais importante - também passa... e tão rápido que se piscarmos muito perante tantos ciscos que vêm e vão, corremos o risco de perder as melhores passagens e o clímax de tudo o que importa; acabamos ficando com os olhos turvos e insensíveis, a tal ponto que não vislumbramos mais nem sequer o nascer ou o pôr do sol...