SOLIDÃO:

SOLIDÃO:

O banco da pequena praça,

Frio igual à morgue derradeira,

Serve de leito ao homem em andrajos,

Que um dia teve identidade,

Seu rosto sulcado carrega as marcas do tempo,

Curto tempo, passantes, apresados, não o notam,

Seus dias, iguais, alongam-se num tempo sem fim,

Suas reminiscências, só importam a ele,

Suas historias, jamais contadas, perdem-se na esteira da dor contida,

Mas mesmo assim, sente-se homem,

Seus amores, se os teve,

Seguiram estradas,

Diferentes,

Hoje nada mais almeja,

Sua garrafa de pinga,

Enrolada no matutino, que estampa as mazelas da cidade grande,

Serve de lenitivo ocasional,

Quando a lucidez tenta envolve-lo,

Assim em sua jornada,

Sem amigos,

Sem mesmo um velho cão a lamber-lhe as feridas,

La vai o solitário,

Sem nome,

Sem futuro,

Sem passado,

Apenas o presente,

Sua realidade incomoda,

Não a ele,

Já se acostumou,

Sua solidão o faz,

Múltiplo,

Quase eterno,

Único,

Sente-se quase um Deus,

Criador e criatura,

Talvez loucura, tudo isso,

As imagens passam como num redemoinho,

Faíscam luzes em sua mente,

Aos primeiros raios do sol acorda,

Levanta-se,

Pega suas tralhas e segue em frente,

Sua busca agora,

E por sobras de alimentos,

O longo dia apenas começou,

O amanhã será igual ao ontem

E lá vai ele trôpego e

Só.

Valmirolino.

valmirolino
Enviado por valmirolino em 25/05/2013
Reeditado em 25/05/2013
Código do texto: T4308387
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