Seres humanos

Nossos defeitos e fraquezas nos representam tanto perante o mundo quanto nossas qualidades. Ninguém é reconhecido somente pelas qualidades, ou pelo menos não deveria ser. Todo mundo é cheio de defeitos, e é ótimo que seja assim.

Admiro o trabalho do psicólogo e ainda quero ser um um dia, mas não acredito em um tratamento para que o sujeito seja curado, eu disse curado, de pequenas "imperfeições" psíquicas. Lógico que eu não estou falando de patologias graves, daquelas que tomam as rédeas da vida do sujeito e ele não consegue mais ser quem ele é por trás da doença. Falo de pequenos problemas que todos temos, cada um com características e graus diferentes, mas que lá no fundo ou não tão no fundo assim, todos nós sabemos (ou deveríamos saber) que temos. E se não sabemos ou não o reconhecemos, alguém o sabe e alguém nos define também por eles.

Reconhecer tais problemas psiquicos é um ótimo começo, mas não é um caminho prazeroso, pelo contrário, é bastante angustiante. Penso por exemplo, que nem todos estão preparados para um processo de análise, para se encarar de mente aberta., olhar para dentro e começar a entender o que se passa. Também não acredito numa auto-análise. Acho difícil conseguirmos um grande avanço com parte da nossa psique muitas vezes querendo o contrário. Mas acredito que devemos lutar contra nossa covardia e buscar sempre uma evolução. Não devemos ser reféns de nossas imperfeições, mas também não devemos ser reféns da busca pela perfeição. Tenho a impressão, de que por mais que busquemos uma melhora, e a consigamos, tais características que nasceram conosco ou que foram adquiridas em algum estágio de nossas vidas, sempre estarão la, menos ou mais influentes, mas elas estarão lá.

Não quero dizer que o sujeito deve pensar simplesmente que tem tal "defeito", que ele faz parte de si e que as pessoas ao seu redor devem aceitar isso caso queiram viver ao seu lado. Ninguém é obrigado a conviver com os problemas dos outros, também por isso, devemos buscar sempre uma evolução. Somos seres sociáveis, vivemos em sociedade, e para que isto aconteça com harmonia, devemos entender que o outro não é obrigado a nos aturar. Se não quisermos uma evolução por uma satisfação pessoal, se não formos capazes de pensar nisso, devemos pensar numa evolução por nosso relacionamento interpessoal.

E que chatos seria se fôssemos sujeitos perfeitos. É lugar-comum o que vou dizer agora, mas nossas "imperfeições" nos tornam perfeitos. Que chato é aquele sujeito que se acha o máximo. Chega a dar pena de ver que ele não consegue enxergar suas importantes fraquezas. Fraquezas que nos fazem humanos, que inclusive fazem com que as pessoas sejam capazes de gostar ainda mais de nós.

Enfim, vamos em frente, em busca da evolução sempre, mas sabendo que a perfeição graças a Deus é inatingível. Nossos "defeitos" são tão bons quanto nossas qualidades, só temos que aprender a lidar com eles de maneira que eles não guiem nossas vidas.