TUDO MUDOU!

Tudo mudou!

Antigamente tudo era diferente de hoje em dia.

Confesso que até me assustei ao descer a grande ladeira até a praça da minha cidade.

Não que seja minha a cidade, mas temos o costume de assim dizer, afinal, foi a cidade aonde eu nasci e também vivi a maior parte da minha vida.

Veio-me a memória as muitas vezes em que eu e meus colegas descíamos a grande ladeira com ar de grande pompa como um rei que desfila montado em seu cavalo diante do seu exército após derrotar um grande e poderoso inimigo. Descíamos daquele jeito, com aquelas calças funkeira, boné para trás, uma camiseta larga no corpo e balançando as mãos como se fossemos voar.

Eu dominava o pedaço e dizia que era o dono da cidade, a pequena cidade no interior de Mato Grosso do Sul.

Naquela época eu sentia prazer em ver os outros meninos da cidade tremer de medo de mim a ponto de me entregarem ou o dinheiro que tinham ou o lanche que seus pais lhes preparavam para que levassem a escola.

Eu não era “o cara”, mas me sentia o tal.

Hoje, ao retornar a pequena cidade após vinte anos fora me assustei e cheguei a uma conclusão, acho que todos nós um dia chegamos a uma conclusão das coisas que fazemos durante a nossa vida.

Realmente, tudo passa nessa vida. Acho que tem até um trecho na bíblia que fala sobre isso.

A praça continua do mesmo jeito, com os mesmos bancos, as grandes árvores centenárias, o coreto onde por muitas vezes apreciei a banda da marinha se apresentando, até a escola "2 de setembro" onde eu estudei durante um bom tempo.

Pessoas transitando de um lado para outro, indo e vindo, não de forma corrida como na capital onde agora resido, mas voltar e sentir a paz e a calmaria do interior me fez ver o quanto é bom viver ali.

Hoje ninguém se lembra de mim e eu me recordo de poucos, nem parece à cidade por onde eu andei durante um bom tempo achando que abalava geral.

É estranho, há alguns anos atrás eu me sentia o dono do pedaço e hoje me sinto um pintinho fora do ninho.