Como Você me Vê?

Hoje me surgiram as perguntas: O que me falta para ser amado? Qual a imagem que tu tens de mim? Há muito tempo que penso nestas questões e hoje me surgiram possíveis respostas. O que afinal nos faz como sendo dois pólos de um imã se repelindo eternamente? Talvez pudesse ser a minha imagem física. Esta imagem simples, de um homem comum, talvez um pouco fora de sua época, sem nenhum traço de muita ousadia, nada de tatuagens, nada de brincos, pulseiras ou anéis, nada de penteados exóticos, de tinturas de cabelos, sem gírias remetentes a um grupo, a um estilo. Uma imagem verdadeiramente simples, de uma pessoa como qualquer outra, transparente aos olhos das multidões, capaz de passar desapercebida pelas ruas movimentadas de qualquer cidade. Quem sabe? Ou talvez não seja isso. Talvez o que te incomode seja, não a minha pessoa, mas sim a minha vida e a minha rotina. Um homem jovem que ainda não se encontrou no seu mundo, sem uma profissão definida, sem uma vida financeira estável, com uma vida familiar com problemas comuns a todas as famílias, que trava todo dia uma batalha pessoal, em busca de um lugar, em busca das ambições normais de um ser humano, mas sempre cometendo erros, e dentre esses muitos erros, alguns poucos acertos, mas sempre seguindo em frente em busca de um futuro melhor. Quem sabe? Mas sinceramente, acho que não está em nenhuma destas questões o problema maior. Hoje percebi que o problema não é o que eu sou, mas sim o que te represento. Eu te represento segurança, represento estabilidade, um lar, uma família, um lugar de onde partir, e um lugar para onde retornar. Como posso te condenar, se vejo que o meu amor continua vivo por ti, continua à flor da minha pele, continua nos meus olhos, continua presente em cada segundo do meu dia, talvez justamente por que depois de tanto tempo tu continuas representando para mim a conquista, a novidade, o perigo. Tu continuas sendo o meu objetivo, o motivo pelo qual eu acordo e luto, o motivo pelo qual eu tento mudar o mundo, tu és o prêmio que eu busco alcançar ao final da minha corrida. E foi justamente o contrário que eu sempre fui. Para ti eu sou o conquistado, o alcançado, eu sou aquele que jamais teve dúvidas, que jamais foi uma variável. Aliás, na tua vida, eu sempre fui uma constante, alguém que sempre esteve logo ali ao lado, que nunca precisou ser cativado, nem sequer cuidado, e que não precisava de nenhum chamado, porque a um simples pensamento já estava ali, aos seus pés. Como posso então te culpar por não me amar? “Tudo que eu sempre busquei em ti, é o que jamais eu pude te dar”.

É muito difícil um amor de proporções muito grandes ser recíproco, pois envolve a difícil relação entre dar e receber.