PERGUNTEI A UM ANJO
Desde criança, sempre fui "observadora," tanto da natureza quanto das pessoas e suas realidades. Aprendi desde cedo muitas coisas que ninguém nunca me falou pra mostrar que eram e são importantes. Aprendi bastante, apenas ouvindo e prestando atenção nos mínimos detalhes no mundo à minha volta.
No sítio de meu avô, onde morei os meus primeiros 11 anos, havia muitos animais, entre esses os pequenos (animais) como as cigarras que, com seu zi...zi...zi...zi..., sem nenhuma preocupação com o excesso de decibéis, deixavam meus ouvidos atordoados rs, principalmente à tardinha. Eu adorava, junto com meus irmãos e primos, sair para pegá-las. Devagarinho íamos baixando a mão sobre elas e quase sempre conseguíamos. Elas ficavam agarradas nos troncos grossos das árvores ou nos galhos. Depois olhávamos bem sua estrutura (invertebrado) e só aí resolvíamos liberá-las. Certo dia, eu tinha uns cinco ou seis anos, perguntei para meu anjo: "o que é que as cigarras comem?" Foram com essas mesmas palavras meu questionamento inocente rs. E ele, olhando - me do alto de seu 1,85, disse: "elas sobrevivem apenas do cheiro da casca das árvores." Eu acreditei. Afinal, quem estava ali me passava confiança. Naquele tempo, ouvir e responder bem a uma criança era tão raro. "Criança não sabia de nada." Era isso que eu sempre ouvia dos adultos. O anjo de quem falo era meu querido pai.
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Foto tirada no dia em que completei 16 anos.
Ele partiu 5 anos antes.