Apocalíptica Anja da Vitória.

Apocalíptica Anja da Vitória, ela me olha, cheia de glória. Eu nunca entendi o que se passa dentro. São milhões de vagalumes, sobrevoando sua íris. São milhões de velas queimando sua alma. Debaixo de um peito de pano da boneca, há um coração que grita, há um coração que bate fortemente, cansado de tanto correr. Corra, corra, boneca, e não pare, sua vida é inacreditável, pois, para os outros, você não tem alma. Corra, corra, boneca, mas, abra os olhos. Você tem duas asas, você pode voar. Há algo aí dentro de você que assusta. Há um grito na caixa, de alto falante, que quebra o vidro, os cristais de seus dedos. Há algo aí dentro de você que me encanta.

Apocalíptica Anja da Vitória, ela sorri para mim, como sorri para o sol, e assim, qualquer sentido faz-se real. Uma vez, ela engoliu um saco, que acreditava-se ser um príncipe, e desde então, nunca mais teve fome. História, aquela que ninguém conta, ela dita suas sílabas com a pulsação das veias. E, com suas artérias, o violão compõe uma canção, e com seus pés, o piano dá o primeiro acorde, para as batidas do coração. Dance, dance, dance, boneca, porque o mundo te dá corda, e a corda não pode acabar. Rode, bailarina, mas não espere o soldadinho de chumbo chegar. Fique longe de mim, boneca, porque meu peito é buraco negro e até sua culpa ele pode tomar.

Há flores por todo o canto, flores por cada mecha de cabelo. O vento são gotículas de perfume que não saem do meu peito. Há uma praia derretida em seus olhos, uma mensagem para além da alma. Uma história guardada na mente calma. Controle-se, controle-se, controle-se, boneca, pois não há dedo algum mexendo seus músculos, além dos seus. Você não é uma flor do Inferno, mas, pode queimar qualquer traidor de Deus. Sua cabeça é uma bola de fogo, de onde todos os raios partem, e ilumina até os lugares a que meus santos não chegam. Não há crença que se sustente, ou livro que se escreva. Há uma voz em você que emudece qualquer verbo covarde dos homens.

Apocalíptica Anja da Vitória, há algo aí dentro que encanta, há milhões de vagalumes nos seus olhos. Há algo entre nós que assusta.

JHM
Enviado por JHM em 29/05/2012
Reeditado em 29/05/2012
Código do texto: T3693552