Um Alvo Bravo de Venturas
tomei um gole de prosa
sentado no piso gelado
do banheiro do escritório
que tenho no centro cívico
já são quatro da manhã
não tenho mais meus pais vivos
nem amigos ou irmãos
fui criado por um tio
que levou um tiro ontem
e sangrou no meio-fio
sem ninguém pra dar um tchau
sem nem um sorriso
fui pra cama embriagado
transtornado pelo vício
no serviço e no cigarro
mas estou recuperado
do lance com a poesia
eram dias acordado
em novas perspectivas
lendo Rimbaud e Cassiano Ricardo
eram noites de fadiga
lendo a Ilíada e os versos de Safo
no ritmo do contágio
pela escrita