1 mês, um 4 na memória, saudade presente

4, um número que fica na memória de todos nós, de todos os que de ti gostavam e te apoiaram.

Porque morreste? Todos sabemos, todos o vivemos. Quanto à nossa saudade? Imensa.

Quantas saudades todos os dias sentimos, mesmo nos momentos mais alegres em que disfarçamos a nossa dor. Quanta a tristeza de ver partir alguém, onde aquele adeus não pude nem pudemos dar. Mais a tristeza disfarçada, daqueles que, perto de ti vivenciaram a tua luta, a tua vontade de viver, a capacidade de não se abater! Marcas-te as nossas vidas, pela tua simplicidade, personalidade, amizade, pelo homem trabalhador que eras, pelo pai e marido que foste, ou por qualquer outro grau de parentesco.

Exemplar, uma palavra que diz tudo daquilo que agora é um nada, que é tudo para nós. Vives-te e morreste na nossa história, e sei e sabemos que chegaste a ter medo do futuro, naquilo em que a tua doença poderia resultar ou se transformar. Certamente a solidão da tua companheira e dos teus filhos é grande, porque o "gostar" era tanto, e tanto ficou por dizer. A nossa solidão também é grande, porque afinal, morreu alguém feliz, alguém que derrubava os obstáculos da vida com calma e...um sorriso! Muitas vezes quiseste fugir da realidade, que cada vez mais se aproximava. Não quises-te resignar-te à tua doença, ou ao pior dos cenários. A luta continuou, desde o início, e nunca mais parou! Uma luta tua, nossa e de quem em ti acreditava. Foi nestas alturas que pensamentos negativos surgiram, e em que eu os tentava afastar, para uma família preocupada acalmar.

Um dia, todos nós nos vamos separar, e a saudade vai permanecer, quando os momentos passados juntos, todas as conversas, descobertas que fizemos, sonhos, risos e momentos que compartilhamos, alegrias e tristezas... forem verdadeiros. A saudade e a lembrança, está presente até nos momentos de angústia, e para ti, nada disto acaba.

Em vida, cada um vai para o seu lado, seja pelo destino, por desentendimentos, por opção, por trabalho, enfim... cada um segue a sua vida. Mas talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe. E contigo, acontecerá o mesmo, um dia!

A dor foi forte, foi grande, muito ingrata. A luta foi grande, foi forte, e muito ingrata. Mas uma coisa que não foi ingrata, foi a nossa união familiar, e os constantes telefonemas, as viagens e as videochamadas que realizávamos quase todos os dias, só para te ver e para nos veres!

Reclamamos tanto da vida, julgamos tanto, zangamo-nos tantas vezes... e quando a morte chega, chega o momento da verdade! Chega a saudade, a saudade de quem se gosta. Saudade de uma presença, agora ausente.

Mas é certo que a tua ausência preenche um grande vazio nas nossas mentes, nas nossas vidas...nos nossos corações.

Se não houvesse união, a nossa força para superar tudo isto, era menor.

Ganhámos força, coragem e confiança, e aprendemos a encarar qualquer doença como tu, com força de vontade e a acreditar que é possível acabar com o cancro, até ao fim! Não conseguis-te, mas lutas-te! Porque o importante não foi venceres todos os dias, mas lutares sempre. 1 mês, que para nós será eterno. Estejas onde estiveres, não estás sozinho.

Cuida sempre de nós, faremos-te feliz. OBRIGADO por tudo! Descansa em paz, tio! *

DinarteAbreu
Enviado por DinarteAbreu em 04/12/2011
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