Conjeturandinho

Agatha Christie escrevia por cerca de DEZOITO HORAS por dia. Morreu com 93 anos e, pelo que eu me lembro, escreveu 93 livros com seu nome, além de outros (?) sob o pseudônimo de Mary Westmacott. Essa informações eu guardei na cabeça lendo as contracapas dos inúmeros livros dela que eu pegava emprestado na biblioteca da Penha - cerca de 8 por mês, pois eu pegava 4 e o Carneiro 4 e fazíamos a troca - e, portanto, eu posso muito bem estar errado sobre a idade e a quantidade de livros. Tinha em mente falar do Velho Safado, também, que derrubava uma garrafa de vinho por dia enquanto escrevia cerca de dez poemas, também por dia. Não lembro onde eu li isso. E que ele não bebia tanto quanto seus contos autobiográficos davam a entender. Ou não. O que eu quero perguntar é: como eles conseguiam? Claro que é muita pretensão da minha parte escrever por não ter o que falar e ainda tentar fazer uma analogia com a minha falta de criatividade causada pela inércia dos dias de ócio repetitivo com a produção monstruosa de dois monstros da literatura mas, né, hoje isso me passou pela cabeça e eu tive que botar pra fora. Tá bom que ela viajou o mundo com o marido e tá bom também que ele só começou a escrever depois dos trinta (eu posso estar errado com essa informação também, caralho) e sabe-se lá que diabos não passou na vida até apelar pra pena, mas ainda assim eu não consigo entender como alguém consegue sentar e escrever tanto e tanto e tanto e tão-somente. Uma memória fresca que eu tenho é de que no meu ex-trampo eu fazia de tudo pra poder passar a maior parte do tempo possível escrevendo. Eu derrubava ligação, fazia login no computador com senha de outro setor pra poder acessar internet e poder salvar meus textos no Recanto das Letras e principalmente xingava, praguejava e clamava e pedia e choramingava e sonhava em poder ficar em casa o dia inteiro não fazendo porra nenhuma, nada além de escrever, nada, somente escrever, escrever, escrever, escrever. E agora, isso: nada.

Nota: o suporte do teclado caiu do nada no dedão podre do meu pé e ao pegar o mouse cliquei em upload sem querer. Claro que tive um acesso de mau humor e toda e qualquer idéia que eu pudesse ter pra continuar o texto foi pra casa do caralho. Ô vida...

22/02/2011 - 23h26m

Doves - Spellbound

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 28/10/2011
Código do texto: T3302164
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