Quem sabe ainda sou uma garotinha

Às vezes ainda me deparo com aquela criança que um dia eu fui. Aquela que ria das coisas mais sem graça, que chorava quando ouvia uma bronca, ou quando suas vontades não eram atendidas. Aquela que se sentia frágil e que sempre precisava de alguém do lado. Aquela que quando tinha medo simplesmente ia pro quarto, se trancava e se cobria. Aquela que segurava o choro para pôr-lo pra fora apenas quando estivesse tomando banho. Aquela que sempre tinha um plano pra chamar atenção. Aquela que quando ficava chateada tava simplesmente com saudade de um abraço, de algumas palavras bonitas que geralmente só surgem nessas horas...

Essa criança o tempo não levou por inteiro. E sabe aquele medo de ser deixado de lado pelos amiguinhos, aquele medo de que lhe tomem sua boneca preferida, aquela que você não larga, não empresta? Pois é, esse medo ainda me pertence. Mas hoje os “amiguinhos” viraram amigos, viraram porto seguro sem os quais eu não sei ser forte. A boneca? Ah, como ela me faz falta. Mas não é ELA que eu tenho medo de perder. Não mais. Porque não é com ela que eu quero passar o resto da minha vida, não é ela quem eu quero abraçar quando me sentir sozinha, não é pra ela que eu conto meus problemas, sonhos.

De todos os medos, talvez o maior seja esse, perder ELE.

Renaly Mendonça
Enviado por Renaly Mendonça em 27/06/2011
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