Ceticismo

"E se cada época tem suas descobertas. E cada descoberta é uma superação de outra descoberta. E, as vezes, uma nova descoberta é um andar para traz, contrariando os velhos hegelianos. E se o sim de hoje é o não de amanhã. E se o escuro é claro hoje, mas torna-se pardo amanhã. E se a história sempre foi algo interminável, mas em cada época a acham terminada. E se a história não se repete, mas sempre vemos as mesmas coisas acontecendo. E a moda que vai do psicodélico ao pop-art e depois do pop-art ao academicismo e depois do academicismo ao barroco e depois há um surgimento de um neo-psicodelismo. De um neo-barroco, de um neo-neo. E se esta geração enterra com chumbo a dialética platônica e ressuscita a lógica peripatética, mas umas raposas quaisquer costumam delirar e deliberar em torno de Agostinho, Orígenes e Clemente. E os neos deste século optam pelo anti, mas cansados preferem tornar-se ante. E se a cada sim existe seu não. A cada afirmação sua negação. Donde viemos? Acaso viemos? Pra donde vamos? Estamos indo para algum lugar? E se o velho Brás Cubas estava com a razão? E se o filósofo Quincas Borba estava com razão. Não sei, só sei que o Bruxo do Cosme Velho era um andarilho que jamais perdia esta mania".

Rodiney da Silva
Enviado por Rodiney da Silva em 29/11/2006
Código do texto: T304328
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