Vento

queria poder chorar, mas não tenho mais lágrimas

queria poder te sufocar, mas eu te amo

queria poder te adorar, mas é só um engano

queria poder ser feliz, mas sou como o vento

esquecido no céu, largado na praia,

morto de sede, o coitado não vive mais pelo que amava

pois foi largado, por isso sou Wind, sou ele, sou eu

sou o vento que me esmaga, que me destroça, que me atira contra as rochas,

sou a força de um furacão, sou a última benção deste enorme tufão

não tenho forças para aguentar, largo tudo e vamos lá

sou somente eu e o nada, eu o puro clima tropical

esse ar que me envolve, falo com ele, ele é o vento

palavras ocas ele me diz, momentos vazios ele me conduz

tropeço num vacuo, olho o olho do furacão

é lindo, é lindo quando alguém te olha, quando te veem,

quando te enxergam como você é, como você merece

não há nada além deste vento a minha volta

sigo pela areia da praia, ela não se apega a mim

já estou morto, não há o que viver ou sentir

a vida para mim já se foi, desse estágio já passei

sou a alma que vaga pelo vento que me chama

pelo nome de Dor e eu o chamo de Wind

porém somos um, ele é minha sombra

algo distorcido que não já posso mais ver

cego estou, porém o olho do furacão ainda me enxerga

e ele sangra, assim como meu peito

queria poder sorrir, porém não tenho razão

queria poder te procurar, porém não tenho coragem

queria poder te amar, porém não tenho amor

queria poder ser feliz, porém quero te dar minha felicidade

queria poder olhar as estrelas, contar e contar,

e formar com elas o tamanho do meu sentimento por você

queria te dar o céu, pegar o sol e fazer de você o meu amor

queria poder te levantar, porém minhas forças não são suficientes

para te por no topo do mundo, onde é o seu lugar,

minha rainha, princesa Hime, você é a minha força que me dá coragem

não tenhas nome, você não é como eu, você é a luz e eu sou aquele que te conduz

meu vento te distorce, porém ele é dócil, irei domesticá-lo

não há o que temer, eu sou a viagem, me dê as mãos

vamos voar, palavras não são necessárias, ele sabe sentí-las

o vento é como o nada que sente o barulho do tudo sacudir

seja o vento, voe cada vez mais alto, assim poderei te dar as asas

das águias, te alegrarei com ouro e jóias...

pois é todo o meu amor, ele é caro

não se compara com o diamante do silêncio

o coração é caro e não se vende

queria poder orar, entretanto não tenho fé em nada

queria poder ser mal, entretanto não tenho sadismo

queria poder ferir, entretanto sangro junto

queria poder morrer, entretanto tenho o vento

ele me cobre com seu manto, ele me veste com sua sabedoria

ele me dá o ouro do seu coração, ele me dá o céu e sua canção

não há nenhum marajá, mais há um sábio que sabe o que é o amor

porém não estou mais interessado nesse nobre sentimento

pois ele foi quem me abandonou, me largou e me chutou

pro vento eu fui e conheci a dor, ele me curou

com sua enorme inteligência, a esperança descobri

ela não está no mundo, em parte alguma existe uma

apenas num peito fervente que recobre o mar e a terra

fazendo um arco-iris no céu com as sete cores

do pecado, da morte, da vida e do amor

o vento me ensinou algo importante,

a solidão não existe, você quem a planta

você é você, de ninguém mais você precisa

quando se está consigo, o vento te abraça