Abstrações na Rua Augusta

O lúgubre estalido metálico das tampas de bueiros tão tristes quanto a oxidação de uma Vênus de Milo com braços. Halos azuis e finos e ascendentes; o arrogante sopro da impossibilidade. A vantagem está nos rins e não no cérebro/pinto. A doce sinfonia das tampas de bueiro estalando sob as rodas dos ônibus. Poética e ciente e compassiva inércia. A subjetiva cristalização do que objetivamente ruirá. A singeleza da abstração do caos. A atabalhoada tripolaridade de uma mente carcomida. A convalescente efígie de um misantropo. O esquete idiossincrático víscera e carnalmente exposto. O gotejar de um ideal plastificado em auto-combustão cingindo a reptílica carapaça que vela o pseudo-sangue-frio. O acefalismo surfando nas ondas invisíveis dos otimistas.

15/04/2011 - 23h36m

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 16/04/2011
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