O interessante não é o durante. É o conjunto.

Existem certas coisas na vida que você só percebe a falta que faz depois que tem a chance de provar de novo.

Como se você tivesse se acostumado com aquela ausência e por alguns minutos até acreditasse que era melhor daquela forma mesmo, mas então tudo se revertesse e a presença era tão mais necessária do que jamais fora.

Eles não entendem. Eles... Burros, chatos e estremecidos. Eles anões em seus corpos tão gigantes. Eles que olham-se no espelho e vêem aquilo que sonham e esquecem de ver aquilo que são. Aquilo tudo. Aquilo pouco. Tão velhos e tão jovens dentro de sua imaturidade. Suas risadas ridículas.

Não, eu não consigo olhar... Não, é ao contrario, eu não consigo deixar de olhar... Não consigo esquecer.

Como não se percebem, não se conhecem e se evitam. Evitam-se todos os dias. Esquecem-se por tanto fingirem. Maquiam suas próprias palavras para que pareça de outros. A maciez de achar que imitando podemos ser tão desejados quanto o natural. Mas o que já foi visto cansa. E cansada eu não consigo parar de olhar.

As suas frases falsas. A sua entonação triste. As suas risadas melancolicas. Repetidas. Eu te observo com nojo. Vos derramo a minha incompreensão. Que eles percebam que ainda são eles que sentem as dores e não as imagens que tentam reproduzir. Não... o personagem, as imagens não sentem... Mas e você? a sua carne queima. As tuas. As nossas... A minha.

Não se esqueçam, queridos. Ah, por favor, não me deixem repetir. Que vocês se deixem desesperar por sobre suas peles queimadas, que vocês puxem os pedaços que se soltarem, que vocês façam um casaco de sua própria dor. Das suas pequenas mortes. Que isso te faça lembrar, meus amores, que as alegrias que são criadas não conseguem ser tão verdadeiras quanto os gritos que vêm de dentro. Suas felicidades transparentes. Transparentes como um tule. Elas não conseguem grudar-se como as agonias que cravam as unhas.

Mas a sua versão é podre. A sua imitação é porca. Enoja-me. Ofende-me. A imitação não tem valor. A imitação é pobre e esfacelada. Furada. A criação, a sua criação. Aquilo que você poderia ter sido, aquilo que você é. E não exerga porque está sentado. Estupido estagnado, abraçado com sua inércia.

Seus cabelos são opacos. Seus olhos não tem cor.

Cores.

Desbotado.

Desbotoando-se.

Continuaram andando enquanto o casaco feito pela sua própria pele caía pelos seus braços. E vocês não olharam. Vocês nem sentiram.

Vocês esqueceram o quê costumavam sentir.

Vácuo...

É de pequenas infrações que nasce uma Constituição.

De pequenas loucuras, partimos para as insanidades.

Do verão, criamos o inferno de Dante.

Não é o day after que me importa, mas aquilo que construo com minhas brincadeiras. (rsrsrs)

O dia é verso. A vida é poética.

O livro "O velho e o mar" de Ernest Hemingway.

Onde um velho pescador captura um peixe que era tão grande, tão imenso que não cabia em seu barco.

Se o colocasse, afundariam.

O peixe era todos os sonhos do velho, mas eram tão fascinantes que não cabiam na vida.

Não lhe cabiam no dia a dia.

Diane Gardim
Enviado por Diane Gardim em 11/01/2011
Reeditado em 12/01/2011
Código do texto: T2723585