CASEBRE

CASEBRE

Cadê você?

Em qual porão você se escondeu

Mansão com fachada de ouro

Mas até os casebres tem seus porões.

Cadê você?

Que partiu sem dar adeus

Que assim como eu tinha tantas portas fechadas

E nos por mais que explorasse sempre teve um canto vazio

Esconderijos que nos esquecemos de abrir

E as teias nas salas escuras se acumulam

Até que a casa cai.

Madeira tombada

Houve grito?

Mistura de cores nas ruínas

Amarelo de Oxum.

Para você não houve Orixás

Salve Nossa Senhora com seu manto azul

Para você o manto se tinge de cinza

Negra cor da noite a capa do seu livro santo

Anil talvez?

Não negro escrito em ouro para esconder a dor

Eu não sei.

Somos todas edificações.

Construções inacabadas de uma vida

Um pulsar no útero

Uma marca gasta, rota na face

Minha rota se perde em suas salas

Tudo vai pelo ralo.

E lembro como era rara e a beleza no meu olhar

Lágrimas perdidas em salas escuras

Luto de tempos perdidos

Loucos que forçam o caminho

Ondas de emoções

Ondina que moldam e gastam

Orgias de sentimentos

Esperanças um dia vieram e partiram.

Estrada moldada pelo instinto

Hoje apenas escombro de uma mansão

Rezo para que meus santos estejam certos

Sonhos eternos a espera do que?

Suor ao correr para te esquecer.

Saudades

Seria uma utopia saber onde esta você.

Umbral?

Dormindo a espera do juízo final

Ajudado pelos meus amigos do espiritual?

Ultimo, sou, a saber,

Desespero.

Observo a mansão destruída

Vejo o meu casebre que esta sendo tomado pelo mato

À porta caída,

Janela partida

A mansão ruiu

O casebre ficou.

Por quê?

André Zanarella 17-06-2008