Silêncio
Silêncio!
Agora que estás aqui, devo contar-lhe também como a trouxe para perto de mim...
Tudo o que eu quero é ti ver chegar todos os dias, se aproximar aos poucos até que eu sinta o teu coração de menina pulsando apressado junto ao meu.
Fique aqui comigo em silêncio! Aqueça-me com seu corpo até que a frieza da solidão se vá. E deixe apenas o calor desta veemente paixão. Não se afaste agora amor meu! Fique mais um pouco! Abrace-me forte! Esqueça-se de tudo lá fora. E não tente pensar um instante sequer no acre sabor dos seus traumas.
Imponha sobre mim os seus cuidados para que eu possa nesse oceano de amargura provar e sentir um pouco de tua afável ternura. Afastem-se de mim as ameaças do temor imponente que insiste em trazer de volta cicatrizes a muito adormecidas.
Tenho medo que estraguem nosso momento e nunca mais volte a ouvir a tua voz meiga que me acalma. Tenho medo que ergam paredes ainda mais fortes que aquelas já existentes entre nós.
Tenho medo que o medo dos outros nos impeçam de aproveitar nossos sonhos, e nos acordem para as vidas deles.
Por favor! Fique mais um pouco! Deixe-me aproveitar a energia deste silêncio que nos move nesta viagem rumo ao infinito. Quando estou contigo esqueço-me dos problemas de adulto responsável, volto a ser uma criança feliz e dotada de ingenuidade.
Por favor! Por tudo que é sagrado! Não me acorde agora! Compartilhe comigo desta aventura e não permita que circunstâncias indesejáveis nos lance no abismo da realidade. Pois o mundo real não me parece bonito. Não contém os adereços coloridos que dispomos para viver melhor e sermos mais felizes. Não retire as cores das flores que plantei em nosso caminho, é assim que prefiro viver minha ilusão. Prefiro a morte a viver uma realidade sem tua presença neste percurso onde o fim é inexistente.
Mas se me acordares feche meus olhos para que eu não veja todas as adversidades que me cercam na vida. E com os olhos fechados eu me contente apenas com o cheiro do teu perfume que exala sobre teu corpo.