O País de Um Só Homem

Em minha terra

essa de ninguém

sou eu o primogênito

duma língua solitária.

Em algumas cidades

criam-se alguns dialetos

e eu achando-me normal

tentei aprender a língua nativa

esbravejei minha consciência

na minha fala,

e escravizei minha natureza

para ser alguém normal, aceito!

Tal a solidão de minha terra

tal disfarce minha alegria!

Tal meu grito calado de guerra

tal minha vida que se esvazia!

Então volto ao meu lugar

a escrever minha língua

e traduzir na multidão de palavras

a terra abundante sem ninguém.

Minha terra é um vento

que se vai ligeiro ao desfecho

a traduzir do Firmamento

o sentido do fim em um novo começo!