Fim de ano, eu e o mundo.

Se todos os fins de ano eu sempre escrevo alguma coisa sobre estes dias que antecedem ao ano vindouro, o que mais ainda me resta a falar sobre o assunto? Muitas coisas, pois este é um tema que devido a data, sempre surge acontecimentos novos. E este ano resolvi inovar e acrescentar mais dois personagens em meu breve relato.

Começarei como sempre pelo fim de ano, até mesmo porque é o personagem central de meu assunto, estou me referindo ao fim do ano e ao mundo como personagens apenas para enriquecer um pouco mais o tema, pois falar só de mim não seria muito fácil e nem teria muito assunto.

Fim de ano.

Uma data programada para festejos por muitos desde o início de uma nova era, na esperança de renovação dos laços fraternos que sempre os uniram, mas que anda em falta já faz um bem tempo. É a época que esperamos rever parentes e amigos distantes ou não, mas que devido a correria em busca da sobrevivência, ficamos meses sem vê-los. Como a alegria toma conta de nossos sentimentos, ficamos mais amáveis, mais educados e o sorriso parece brotar de nossos lábios como que por encanto. Podemos até estar passando por dificuldades financeiras, mas sempre encontramos meios de presentear aqueles que nos faz ver a vida diferente, mesmo que seja por alguns dias dentre os dose meses do ano. Receber uma lembrança então é como se a sorte grande batesse em nossa porta sem aviso, é o ápice do contentamento. Inocentes perus enfeitam nossas abastadas mesas a espera de nossos puros olhares radiantes de alegria.

Mas lá fora em algumas calçadas olhares perdidos no infinito, ainda tem esperança de alcançar nem que seja um naco da nossa farta ceia, quem sabe o resto da farofa que serviu de recheio ao asarmos o peru. Triste mundo, quanta diferença de seres, quanta distância entre um humano abastado e um humano desprovido de tudo, até mesmo de sonhar. Mas enfim ainda é o mundo em que vivemos, mostrando como aprendemos a usar nossos sentimentos.

Eu.

Depois de muito apanhar na vida, hoje sinto um Eu diferente, mais humano, querendo aproximar um pouco daqueles que não tiveram a mesma sorte que esse Eu, teve. Antes de conhecer certos princípios e uma filosofia de vida contrária a que levava, agia como um qualquer sem me importar com aqueles que de mim esperava algum gesto que pudesse amenizar seus sofrimentos, nem que fosse apenas na época do Natal. Hoje, pelo menos uma vez por mês tento da maneira que posso ajudar aqueles que procuram sair da penúria, com o amparo daqueles que me colocaram onde eu pudesse enxergar um mundo diferente do meu, um mundo onde só a nossa compaixão pode atenuar o sofrimento alí existente, pois estão paralelos a nós, mas parece que estão muito abaixo de nós. É por isso que às vezes me chamo de Eu, com letra maiúscula, pois é assim que me sinto quando estendo a mão a um irmão que quer apenas o meu carinho, na esperança de que este carinho sirva de bálsamo para a sua melancolia.

E é assim que espero ver um dia todos os brasileiros detentores de uma família sólida e uma estrutura de vida, que permita levantar alguém que venha a estender-lhe a mão pedindo a sua ajuda, um ser maiúsculo, não no orgulho, mas perante as leis divinas que regem nossas vidas que tanto busca a perfeição. E é também maiúsculo o meu desejo de um fim de ano repleto de felicidades a todos que porventura tiverem acesso a estes singelos rabiscos, singelos, mas sinceros e extraídos do fundo do coração. Lázaro.

ChangCheng
Enviado por ChangCheng em 30/11/2009
Reeditado em 30/11/2009
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