Meia noite
Até meia noite tudo está seguro
Não há ninguém no pátio
Nem no alto do muro
Sem muitas luzes ascesas
Dá pra ver ainda com clareza
Papéis e enfeites a voar
Pelo vento dos ventiladores a girar
Até meia noite saco o meu telefone
Até lá ainda é meu
Vê-se nele o meu nome
É um trabalho pra mostrar valor
Mostrar meu valor de homem
Mas esse valor só é válido
Quando as coisas permanecem aqui
E não quando somem
Discurso pra uma multidão
De pneus, faca e ração
Vacinas, cortadores de grama
Serras- elétricas e grande balcão
Em pé fico se quiser
Há muitas mesas e bancos aqui
Salas grandes e pequenas
Cadeiras até onde faço xixi
Pertinho das onze horas
Penso logo em meu amor
Daqui a pouco sei que vou embora
São só mais uns códigos no computador
Assim é a vida que levo
Ou pelo menos tô levando
Um VIGILANTE poeta e apaixonado
Só quem cumpre escala
Sabe o que estou falando.