Final Feliz

Sempre disse que esperava um final feliz para a história de minha filha autista. De repente comecei a me perguntar: O que é um final feliz? É fim do quê? E o começo do quê? Existe "Final Feliz"? Ou para o final ser feliz será preciso parar de viver no exato momento em que estamos felizes? Morrer?
Vejamos: Contratei uma professora particular para ensinar á Laura, o óbvio. Tomar banho sozinha, se vestir, fazer o próprio lanche, enfim, aprender a ser independente para sua subsistência. Mais que isso, o básico. O conceito dos objetos que usa. Xícara, colher, prato, garfo, enfim, tudo! No mais amplo sentido da palavra. TUDO!
Então veio a surpresa. Laura, agora com nove anos e oito meses, duas semanas de aula, quatro horas por dia, aprendeu a se vestir. Pra quem faz isso todo dia automaticamente talvez não veja a importância e a dificuldade desse fazer. Sei agora que ela é capaz de aprender tudo que for ensinado. A diferença está na abordagem e no significado que o aprender tem pra ela. Eu sou a mãe que ensina. Alexandra é a profissional que ensina. Ela faz a diferença. Laura sabe a diferença entre nós duas. Mãe e professora. Agora faz esforço pra me agradar, pois entendeu o que espero dela. Antes, não entendia porque ela tinha que fazer o que eu sempre fiz. Eu fazia tudo por ela.
Ela está a caminho do tão esperado final feliz. Aprender a viver. E aí continuaremos esperando outros finais felizes.
Estou muito feliz.
Lu Ar
Enviado por Lu Ar em 13/09/2009
Reeditado em 07/11/2009
Código do texto: T1808857
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