Maio, nunca mais foi o mesmo...

Mãe, hoje mergulhei de saudade das vezes que ao te visitar você passava longas horas conversando comigo e a gente ficava contente só em se encontrar. Você sempre a reclamar a minha ausência, e com uma palavra certa na hora certa pra me dizer. Sinto falto do teu colo mãe, das vezes que você escorava minha cabeça em teu ombro e passava os dedos pelos cantos dos meus olhos pra eu não derramar minhas lágrimas... Do jeito que você erguia meu queixo e me dizia que jamais me entregasse à tristeza porque você adorava meu sorriso.
Mãe, você sempre foi minha amiga de verdade, sempre gostou de mim e me aceitou do jeito que eu sou... Só você sabe o reverso de mim. Sempre esteve presente em minha vida, principalmente nos momentos mais difíceis que só com o tempo pude superar.
Ah, minha adorada, como eu queria poder realizar teu sonho, já te ofereci um de meus olhos... Assim, você viria à luz do sol outra vez, mas você recusou.Não me quer ver faltando um pedaço, mas pedaço maior me falta... Quem dera minhas lágrimas de amor e saudade lavasse e curasse toda a sua enfermidade...
Às vezes penso que nunca mais o mês de maio vai ser o mesmo pra mim... Fico a ouvir o fundo musical de sua música preferida “Nossa Senhora”, e lembrando os teus ensinamentos, do teu espírito bondoso, tua alma meiga e carinhosa contando os dias pra você voltar a ser como antes.
Depois que também fui mãe, compreendi de fato, o quanto se faz necessário cada gesto, cada palavra e atitude pra um filho em qualquer tempo e lugar, em qualquer situação.
Sei bem que em mim, habita uma alma materna que supera qualquer outro aspecto do meu ser, mulher, amante, educadora... Ou sei lá o quê. O fato é que temo em perder-te, então, só me resta entregar, confiar, esperar...
Maio é um mês comum, mas com uma magia diferente porque é o mês que se comemora o dia específico das mães, do ser que concebe a vida, que alimenta uma vida em teu ventre, que dá um passo a mais a esperança a uma nova forma única de ser, um acréscimo a diversidade.
Pensei em me isolar, mas lembrei das nossas conversas, onde você sempre me dizia:
"_Filha, você nasceu pra ser alegre, divertida, feliz, como sempre foi e será... Jamais se esqueça disso!"
Fiquei com o coração partido, quando ouvi alguém questionar como seria a sensação de quem olha e não ver, e não me sai da memória a tua reposta:
_É tudo escuro!A sensação é melancólica, não dá pra explicar, só penso que agora só vejo com os olhos do coração... Quem eu já conhecia o rosto, lembro bem, mas quem não conheço, quando fala comigo, só imagino como a pessoa é por dentro.
A partir desta fala interior, fiz muitas reflexões acerca do que  se passa com outra pessoas em relação ao mês de maio; conheço algumas pessoas que assim como eu ficam um pouco desgostosas, umas por não ter mais a mãe presente nas confraternizações pra dar brilho e sentido ao segundo domingo de maio, outras porque perderam a mãe no ato do nascimento, e ao menos pode ter o gosto de encostar a cabeça ao ombro dela para apoiar-se...Vejo ainda, pessoas que se emocionam por terem perdido a mãe neste mês, ou simplesmente ter sido abandonada por ela, e ter sido criada na rua, ou na casa de um e de outro, ou até mesmo depender da caridade dos outros para sobreviver, entre muitas outras coisas...
Penso também que o mês de maio tem uma energia advinda de Maria Santíssima, já que ela deu a luz ao amor, ao verdadeiro amor, e cada vez que troco a roupa azul e branca durante este mês, sinto como as suas mãos estivessem massageando minh’alma e acalentando meu coração, porque ainda tenho minha adorada mãe, e hei de tê-la sempre perto de mim, e enquanto há vida há esperança.
Por isso, creio que devemos declarar nosso amor por nossas mães e amá-las incondicionalmente enquanto temos a oportunidade de fazê-lo, porque depois, o que permanecerá é uma alma ausente e uma saudade dolorosa pela partida.
 
Penso que a cegueira por um lado ajuda as pessoas enxergarem melhor o que com os olhos não se ver.
Minha amada, se eu pudesse seria a água cristalina para lavar as tuas dores... A centelha de luz para devolver-lhe a visão... Mas nem sou água, nem centelha de luz, sou apenas uma filha-mãe com saudade do teu sorriso, do teu abraço, do teu céu de amor a me envolver ao cair da tarde aos domingos, a alegria especialmente nas reuniões durante o mês de maio em tua casa.
Ah, minha querida! Quantas pessoas sofrem como eu neste período, onde as flores parecem desabrochar mais intensamente... Choram a falta de uma mãe, a ausência de um abraço caloroso, até mesmo carregam tristeza por sequer ter conhecido uma mãe, ou chora por sua vinda ao mundo, ter sido a passagem da vida daquela que as conceberam.
Quanta gente poderia viver melhor, se estivesse ao lado de sua mãe e teve-a, arrebatada para outro plano...

Quem dera os filhos sempre pudessem descobrir o valor de uma mãe; aquela que diz sim a uma nova vida, a esperança... Alguém que é capaz de doar sua vida por amor, com as mãos estendidas para apoiar e proteger... Reconhecer um pedaço de si em cada ser que concebe e fazer de cada instante, uma bênção.


-À todas as mães, o meu carinho!-





 
Antonia Zilma
Enviado por Antonia Zilma em 01/05/2009
Reeditado em 11/02/2010
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