MANDY VII - HEITOR - PARTE 1

I – HEITOR

Minutos depois, as crianças já estavam no estúdio fotografando com Bárbara e o fotógrafo. Amanda e Marco assistiam à seção de fotos.

- Você ainda não me disse, porque demoraram tanto, ela perguntou, olhando para ele. – Disse ao telefone que depois me dizia.

- Você nem imagina, ele disse, sem olhar para ela, olhando ainda para os filhos. – Eu encontrei o Otávio.

- O quê? - ela perguntou, surpresa.

- Isso mesmo. E o filho da Lídia. Ele está estudando no mesmo colégio que as crianças. O nome dele é Gabriel.

Amanda voltou a olhar para os filhos e ficou em silêncio. Marco olhou para ela e segurou sua mão, sorrindo.

- Está tudo bem, meu anjo. O Otávio te mandou um beijo.

- Ele falou... da Lídia? Ela está bem?

Ele respirou fundo e olhou nos olhos dela.

- Ela morreu... no parto do Gabriel, amor.

Amanda ficou sem fala, lamentando profundamente a notícia.

- Eu tinha uma ideia de que alguma coisa assim ia acontecer com ela... Você não? Eu não nunca quis pensar que isso ia acontecer, mas foi essa a mensagem que ela me passou quando foi se encontrar comigo na sua formatura.

Ela voltou a olhar para os filhos, suspirou e não respondeu. Ele tocou seu queixo com a ponta dos dedos e a fez olhar para ele.

- Não fica triste por isso, amor. O garoto está bem. Me pareceu que ele tinha um jeitinho triste, mas saudável. E parecia ter uma relação legal com o pai também.

Ela balançou a cabeça levemente aceitando e sorriu, encostando a cabeça em seu ombro. Marco beijou sua testa. Não falaram mais sobre o assunto.

Depois da seção de fotos, a van da agência foi levar os gêmeos e Mariana para casa e os dois voltaram para o escritório. Marco sentou-se à mesa e massageou as têmporas. Amanda pegou um copo d’água, bebeu e depois pegou outro para ele. Marco bebeu também e ficou olhando para o copo vazio sobre a mesa.

- Você está bem? - ela perguntou.

- Estou... E você?

- Também. Estou pensando em contar pras crianças sobre o bebê hoje à noite? O que você acha? Me ajuda?

Ele sorriu e balançou a cabeça. Ele se levantou e aproximou-se dela, abraçando-a e beijando sua boca.

- E a gente conta pra todo mundo no domingo, na casa do meu pai.

- Isso...

- Eu convidei seu pai, aliás, eu não, a Mariana convidou. Tudo bem?

- Claro! Ela é uma gracinha. Assim todo mundo fica sabendo ao mesmo tempo. Mas, antes... eu quero conversar com você sobre... sobre suas dores de cabeça...

- Amanda...

- Você tem que procurar o Guilherme de novo, Marco. Ou ele ou o doutor Schuster ou qualquer outro médico. Você precisa saber pelo menos se esse... aneurisma tem um tratamento eficaz ou...

- Eu não quero saber.

- Marco, você está sendo infantil, meu amor.

- Eu não estou sendo infantil, Amanda. Não pode ser operado pela localização. O Guilherme falou que, se operarem, eu não saio vivo da mesa de operação! Então de que adianta?

- Mas deve ter alguma forma de amenizar as suas dores de cabeça. Você anda tento tremores estranhos nas mãos e...

- O Gui disse que tem um tratamento sim. Tem uns medicamentos que eles podem me indicar e que eu só preciso de muito repouso. Eu vou voltar a conversar com ele sobre isso.

- Você podia pelo menos procurar descansar mais. Tirar umas férias, como seu pai está fazendo. Parar de trabalhar um pouco...

- E ficar em casa olhando pras paredes e descobrir se eu vou morrer daqui um ano ou amanhã? Eu não vou fazer isso! Chega!

Ele se afastou dela e foi para perto da janela. Amanda começou a chorar e sentou-se na poltrona diante da mesa dele.

Alguém bateu na porta e Bárbara entrou.

- Dá licença, Marco? O gerente do Itaú, o Heitor Sales, está aqui querendo falar com vocês sobre o comercial da Poupança Programada.

Ao perceber o ar distante dele, Bárbara parou de falar.

- Desculpe, está tudo bem?

Ele se voltou para ela e olhou para Amanda, com o rosto escondido nas mãos.

- Está tudo bem. Pede pra ele esperar uns dez minutos, Bárbara. Já atendo ele.

- Se você quiser, eu mando ele vir depois...

- Não, só dez minutos, por favor. Leva ele até a sala de reunião. A gente já está indo. Chama o Edu também.

- Está tudo bem, mesmo?

- Está.

Ela saiu. Marco respirou fundo, se recompondo, e disse para Amanda:

- A gente tem coisa mais importante pra enfrentar. Me ajuda, amor? Vou precisar de você pra não quebrar a cara daquele baixinho empolado.

Ele estendeu a mão para ela. Amanda segurou sua mão e levantou, enxugando o rosto. Marco passou a mão por seu rosto e a abraçou.

Os dois foram até a sala de reunião e Heitor já estava lá com Edu, assessor de Marco, e Bárbara, todos sentados à mesa.

HEITOR

PARTE I

DEUS TENHA O CONTROLE DAS NOSSAS VIDAS

e depois dEle... NÓS MESMOS.

Vamos fazer o que é certo e bom pra nós e para o próximo.

Velucy
Enviado por Velucy em 15/04/2021
Código do texto: T7232385
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